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PM negro acusa policiais de racismo e tortura ao ser abordado com a filha

O policial militar Anderson César da Silva, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo - Reprodução/TV Globo
O policial militar Anderson César da Silva, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

22/11/2021 09h51Atualizada em 22/11/2021 14h26

Um policial militar negro acusa outros policiais de racismo e tortura durante uma abordagem no interior de Minas Gerais. O homem estava acompanhado da filha de 4 anos, quando fazia uma trilha em um parque da cidade, em seu último dia de férias, e diz ter sido surpreendido por outros agentes, conforme relatou ao "Fantástico", da TV Globo.

Segundo o boletim de ocorrência a que a emissora teve acesso, três policiais foram ao local onde Anderson César da Silva, de 32 anos, estava com a filha depois que receberam uma denúncia por telefone. A informação era de que havia "um homem alto, de cor parda, levando uma criança pequena em direção a uma mata, e que a criança estaria chorando". Anderson conta que se apresentou como policial, se identificou como pai da menina e mesmo assim foi vítima de racismo e agredido pelos agentes.

"O militar chegou, virou para mim e falou: 'Seu preto safado, olha a cor da sua filha, olha a sua cor'. Eu peguei meu celular e comecei a filmar. Ele pegou meu celular e eu tomei uma mata-leão e depois desse momento eu não vi mais nada", afirmou Anderson, ao "Fantástico".

A Polícia Militar de Minas Gerais alega que Anderson foi preso por ter resistido à abordagem. Eles alegam que Anderson deu ordem de ataque ao seu cachorro contra os militares. Em um vídeo feito por moradores e exibido pela reportagem, é possível ouvir tiros dos policiais no momento da abordagem. Os tiros teriam sido disparados contra o cão.

O caso foi no dia 14 de janeiro. Anderson ficou 13 dias preso. Exames e laudos médicos mostraram que não houve nenhum tipo de abuso contra a menina.

Em junho, a Promotoria de Justiça Militar apresentou uma denúncia contra Anderson por desobediência, desacato ao superior, ameaça, resistência mediante ameaça ou violência e lesão corporal. Se condenado, a pena pode passar de oito anos. De acordo com a reportagem, durante a investigação do órgão, o acusado não foi ouvido.

Em setembro deste ano, a mulher de Anderson denunciou ao caso, que é acompanhado pela Defensoria Pública, ao Ministério Público. A pedido do órgão, a Polícia Militar em Barbacena abriu um procedimento interno para investigar a conduta dos PMs durante a ação. A representação aponta ocorrência de racismo, tortura e lesão corporal contra Anderson.