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Roubo e ostentação: Grupo é suspeito de usar meninas para invadir prédios

Fachada de um dos prédios que foi alvo do grupo na praia de Boa Viagem, no Recife; à dir., Brenda Chiapatta, presa na semana passada e que integrava a organização criminosa. - Polícia Civil do Rio de Janeiro
Fachada de um dos prédios que foi alvo do grupo na praia de Boa Viagem, no Recife; à dir., Brenda Chiapatta, presa na semana passada e que integrava a organização criminosa. Imagem: Polícia Civil do Rio de Janeiro

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

06/12/2021 15h46Atualizada em 06/12/2021 19h26

Duas adolescentes, de 15 e 16 anos, que levavam uma vida de ostentação com passeios de helicópteros, de lancha e compra de ingressos para camarotes em festas em São Paulo, foram apreendidas pela Polícia Civil do Rio suspeitas de integrarem uma quadrilha responsável por uma série de roubos e furtos praticados em condomínios na zona sul da cidade. A prisão da dupla foi feita pela Delegacia de Copacabana (12ª DP), na Praia de Boa Viagem, no Recife, na última segunda-feira (29).

A apreensão das garotas faz parte de uma força-tarefa do DGPC (Departamento Geral de Polícia da Capital), que envolveu cinco delegacias da zona sul do Rio para combater crimes de furtos e roubo de residência na região. Antes, quatro pessoas foram presas, na semana passada, apontadas como integrantes do grupo, responsável por 45 furtos e dois roubos em apartamentos no Rio de Janeiro.

Em São Paulo, foram presos Carlos Nolasco, Brenda Chiapetta e Matheus Alexandre. Outro integrante do grupo foi preso pela PM do Rio. O quinto suspeito já havia sido detido em São Paulo por outros crimes. Ao todo, sete pessoas foram presas ou apreendidas.

O grupo ostentava nas redes sociais uma vida luxuosa com fotos e vídeos de viagens de avião, maços de dinheiro e passeios de lancha.

Menores apreendidas

Segundo a delegada Natacha de Oliveira, responsável pela investigação, o grupo se aproveitava da aparência das meninas, que sempre estavam muito bem vestidas, para enganar os porteiros e ter acesso aos imóveis. Elas se passavam por parentes ou visitantes, conseguiam acesso ao prédio e arrombavam os imóveis com uso de uma chave de fenda grande.

Uma delas chegou a confirmar à polícia que um dos vestidos usados em uma das ações chegou a custar R$ 500. As duas adolescentes têm passagem por centros socioeducativos de SP e já cometeram diversas infrações.

Nós estivemos inicialmente em São Paulo onde obtivemos a informação que elas estariam em Recife e sabendo do modus operandi, tínhamos certeza que estariam no Recife para a prática de novo ato infracional e isso foi confirmado. No momento da captura, elas tentavam ingressar em um edifício com uma chave de fenda.
Natacha de Oliveira, delegada

No Rio, as duas são suspeitas de serem responsáveis por quase 10 roubos e furtos feitos em apartamentos na zona sul da cidade. Ainda de acordo com a delegada, as meninas pertencem a uma quadrilha que se utiliza principalmente de adolescentes para a prática criminosa adotada também em outros estados como Minas Gerais, Pernambuco, Goiás e São Paulo.

"Um fator que incentiva o recrutamento dos adolescentes é o fato de eles estarem sujeitos ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), com isso, eles cumprem medidas socioeducativas e são liberados com mais facilidade. Trata-se de uma grande organização criminosa que se alterna através de grupos menores de quatro a cinco pessoas a cada vinda ao Rio de Janeiro. Eles vinham em carros clonados", disse a delegada Natacha Alves de Oliveira ao UOL.

A dupla é suspeita de roubar dinheiro, joias e eletrônicos. Os produtos eram repassados para receptadores que vendiam os itens na internet. Com os ganhos, as meninas chegaram a colocar lentes de contato nos dentes, de acordo com a investigação.

As duas estão no Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas) do Rio.

Idosa amarrada

Em seis de novembro, uma empresária de 76 anos, moradora de Copacabana, na zona sul do Rio, foi surpreendida com a invasão do imóvel enquanto dormia. A vítima foi obrigada por três adolescentes a entregar R$ 700 que tinha na carteira, além de cartões de crédito. A mulher teve ainda as pernas amarradas por uma das adolescentes que usava uma faca e foi trancada no imóvel, segundo a Polícia Civil.

Em outubro, as duas suspeitas foram flagradas por câmeras de segurança usando vestidos brancos e máscaras de proteção e acessando um prédio na Lagoa. Ao porteiro, elas disseram que iriam até o imóvel cujos proprietários tinham acabado de sair e deixaram o local carregando mala com joias e relógios, despertando desconfiança do porteiro.

As duas foram "resgatadas" por dois homens que chegaram pelo lado de fora e forçaram a maçaneta da porta de vidro da portaria. Todos saíram correndo.

O UOL tenta contato com a defesa dos suspeitos e atualizará a reportagem assim que houver um posicionamento.