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Tempestades no oceano recebem da Marinha nomes em tupi-guarani; veja lista

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Imagem: AFP

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

23/12/2021 04h00

No Brasil, tempestades tropicais que acontecem no oceano recebem nomes em tupi-guarani, uma das mais conhecidas línguas indígenas da América do Sul. A Marinha do Brasil utiliza essa padronização desde 2011.

Apesar dos estragos e mortes no sul da Bahia, as chuvas que atingiram os municípios não ganham um nome específico. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) as definem apenas como "chuvas intensas", conforme explicou o órgão.

O setor responsável pelas diretrizes na escolha nos nomes na Marinha é a Divisão de Previsões Meteoceanográficas, do Centro de Hidrografia da Marinha, que coordena as atividades do Serviço Meteorológico Marinho.

Ao UOL, o capitão de corveta Marcus Vinícius, encarregado do setor, explica que a divisão levanta dados e analisa previsões de fenômenos meteorológicos que ocorrem no oceano na área marítima que pertence ao Brasil —seu nome é Metarea V. A chuva na região sul baiana se deu em área continental, por isso é de competência do Inmet, e não da Marinha.

"O que ocorre no continente nós denominamos apenas do ponto de vista atmosférico. Não há nomes. No caso da Bahia, se caracteriza como chuvas intensas. Denominamos tempestade quando há chuvas, descargas elétricas e granizo. Quando não há granizo, são chuvas intensas", afirma Cláudia Valéria, do Inmet Salvador.

Ao todo, as chuvas no estado causaram a morte de ao menos 12 pessoas e deixaram 51 cidades em situação de emergência.

Nomes seguem diretriz internacional

Os nomes dados às tempestades seguem diretrizes internacionais e são parte do documento "Normas da Autoridade Marítima para as Atividades de Meteorologia Marítima", elaborado em acordo com a WMO (Organização Meteorológica Mundial, em tradução livre).

O documento define as tempestades tropicais como um item que pertence à categoria "Ciclone Tropical". Segundo o material da Marinha, os ciclones tropicais são centros de baixa pressão atmosférica "em escala sinótica com núcleo quente, não associado a sistema frontal, originado sobre águas tropicais ou subtropicais, com convecção profunda organizada e circulação de vento a superfície fechada em torno de um centro bem definido".

A classificação dos ciclones se dá pela média do vento máximo alcançado pelo fenômeno no intervalo de um minuto. As definições são:

  • Depressão tropical - inferior a 34 nós, 63 km/h, 39 mph ou Força 7 na Escala Beaufort;
  • Tempestade tropical - igual ou superior a 34 e inferior a 64 nós, 63 a 118 km/h, 39 a 74 mph ou Força 8 a 11 na Escala Beaufort;
  • Furacão - igual ou superior a 64 nós, 118 km/h, 74 mph ou Força 12 na Escala Beaufort.

"Assim sendo, um ciclone tropical dentro na Metarea V seria nomeado de acordo com a norma. O nome recebido seria mantido caso o sistema se tornasse um furacão, ao atingir ventos iguais ou superiores a 64 nós", afirma o capitão da Marinha.

O militar explica que a língua tupi foi escolhida em 2011 em uma reunião entre Marinha, Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Força Aérea Brasileira e o CPTEC/Inpe (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos).

Até hoje, 14 sistemas meteorológicos, pertencentes aos "Sistemas Tropicais e Subtropicais Significativos", ganharam nomes. Veja a lista:

  1. Arani (tempo furioso)
  2. Bapo (chocalho)
  3. Cari (homem branco)
  4. Deni (tribo indígena)
  5. Eçaí (olho pequeno)
  6. Guará (lobo do cerrado)
  7. Iba (ruim)
  8. Jaguar (fera)
  9. Kurumí (menino)
  10. Mani (deusa indígena)
  11. Oquira (broto de folhagem)
  12. Potira (flor)
  13. Raoni (grande guerreiro)
  14. Ubá (canoa indígena).