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Família mora em barracas na rua após pai perder emprego e bater carro em SP

Wilson e Janaína morando com as filhas, Eloá e Monique, em barracas no Centro de SP - Reprodução/TV Globo
Wilson e Janaína morando com as filhas, Eloá e Monique, em barracas no Centro de SP Imagem: Reprodução/TV Globo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/01/2022 12h16

O casal Janaína dos Santos e Wilson Oliveira vive em barracas na Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo, junto com as duas filhas menores, Eloá e Monique, após não conseguirem mais pagar aluguel. A história da família foi destaque no programa dominical Fantástico, da TV Globo, em que eles contam ter vendido tudo que tinham para pagar os prejuízos provocados por uma batida de carro depois que Wilson tinha perdido o emprego.

As barracas foram compradas com o dinheiro da venda do celular de Wilson antes da família fazer das ruas paulistanas seu novo lar. Ele permanece desempregado e, todos os dias, caminha pela cidade em busca de trabalho. Por enquanto, o casal se sustenta com doações e trabalhos informais, entre eles, a venda de balas nos semáforos, feita por Janaína.

Para ela, enfrentar essas dificuldades para ajudar sua família é mais digno do que pedir por esmolas. "Eu chegar e pedir é muito fácil. Eu acho que vale mais quando a gente sua para ganhar. Quando vou trabalhar, eu deixo as meninas com o meu marido, porque eu não gosto de deixá-las expostas dessa maneira no farol. Então, coloco minha plaquinha e saio com a caixinha oferecendo balas", disse Janaína. "Diariamente, a gente recebe muitos 'nãos' dos motoristas. Mas, quando a gente recebe um 'sim', ganhamos força para continuar", completou.

Ao longo da reportagem, Janaína declarou que nunca se imaginou morando nas ruas e lamenta que suas filhas passem por dificuldades. Por isso, ela se esforça para que as condições de vida das pequenas sejam as menos precárias. "Eu não gosto de ver as minhas filhas sujas e jogadas. Eu procuro sempre deixá-las limpas, todos os lençóis limpos para elas dormirem. Eu sempre trabalhei, sempre lutei para ter as minhas coisas. E, hoje em dia, estamos nesta situação. É muito difícil", disse, em lágrimas.

Ela também revelou que sempre questiona o porquê dessas adversidades. "Muitas vezes fico orando dentro da barraca e faço a pergunta 'Senhor, tem como a gente descer mais?'".

Alta dos moradores de rua

Segundo o recente Censo da população de rua em São Paulo, realizado pela prefeitura, em dois anos, houve aumento de 31% no número de pessoas, que como a família de Janaína e Wilson, estão vivendo nas ruas da cidade. Esse contingente envolve cerca de 32 mil pessoas. Tanto aqueles habitam diversos locais públicos com barracas e camas improvisadas, quanto os que pernoitam em abrigos.

A pesquisa também aponta que houve aumento de 54% no número de pessoas que ficam o tempo todo na rua. E 18 em cada 100 delas vivem há menos de um ano nessas condições.

O primeiro levantamento sobre a população desabrigada foi feito em 2000. Na época, em cada 10 mil paulistanos, 8 viviam na rua. Em pouco mais de duas décadas, a proporção saltou para 26.