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População em situação de rua cresceu 31% em 2 anos em SP, diz prefeitura

Pessoa em situação de rua, dorme em calçada, no Túnel José Roberto Fanganiello Melhem, na Av. Paulista - ROBERTO CASIMIRO/ESTADÃO CONTEÚDO
Pessoa em situação de rua, dorme em calçada, no Túnel José Roberto Fanganiello Melhem, na Av. Paulista Imagem: ROBERTO CASIMIRO/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

23/01/2022 22h30

A população em situação de rua de São Paulo cresceu 31% nos dois últimos anos, chegando a 31.884 pessoas vivendo nas vias da cidade em 2021. Em 2019 eram 24.344 cidadãos morando nessas condições.

O número foi apresentado pela Prefeitura da capital, com base no último censo realizado pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, junto à empresa Qualitest Ciência e Tecnologia Ltda, especializada em levantamentos do gênero.

Esse foi o primeiro levantamento desde o início da pandemia de covid-19. De acordo com a legislação municipal, o levantamento deveria ser feito apenas em 2023, mas foi adiantado.

Do total de pessoas em situação de rua, 19.209 foram identificadas quando estavam nas vias públicas, e outras 12.675 enquanto estavam abrigadas nos Centros de Acolhida da prefeitura.

A pesquisa mostrou, também, que o número de "moradias improvisadas" com barracas nas ruas da cidade cresceu 330% em 2021, em comparação com 2019. Se no censo anterior eram 2.051 pontos abordados com esse perfil, em 2021 o número saltou para 6.778 pontos.

Além disso, há mais famílias pelas vias da cidade. De acordo com os dados 28,6% dos entrevistados informaram ter a companhia de algum integrante da família. Já em 2019, 20% diziam isso.

Segundo a administração municipal, a quantidade de cidadãos vivendo assim é "maior que o número de habitantes da maioria das cidades do Estado". De acordo com a prefeitura, das 645 cidades paulistas, 69,6% ou 449 do total têm menos moradores do que a população em situação de rua da capital.

Perfil das pessoas em situação de rua

O censo mostrou que 70,8% dos que vivem nas ruas da capital paulista são pretos ou pardos. Em sua maioria homens em idade economicamente ativa, com média de 41,7 anos.

Mas foi possível perceber também um aumento na quantidade de mulheres em situação de rua, chegando a 16,6% do total, quando em 2019 eram 14,8%. A população de pessoas trans, travestis, agênero e não binário também aumentou de 2,7% para 3,1% em 2021.

Além disso, o levantamento mostrou de onde vieram essas pessoas. Do total, 96,44% são nascidos no Brasil e apenas 3,56% são estrangeiros. Entre os brasileiros, 39,2% são naturais da cidade de São Paulo, 19,86% são de outras cidades do estado, e 40,94% naturais de outras regiões do Brasil - principalmente da Bahia (8,47%), Minas Gerais (5,44%) e Pernambuco (5,28%).

Já os dados sobre educação mostram que 93,5% das pessoas em situação de rua frequentaram escola, 92,9% sabem ler e escrever, 4,2% concluíram o ensino superior, 21,4% têm ensino médio completo e 15,3% concluíram o ensino fundamental.

Motivos para chegar às ruas

Segundo o levantamento, o principal motivo que trouxe 52% das pessoas não naturais de São Paulo para a cidade foi a busca por emprego. E as causas mais apontadas pelos entrevistados para estarem situação de rua foram os conflitos familiares (34,7%), a dependência de álcool e outras drogas (29,5%), e a perda de trabalho e renda (28,4%).

Além disso, entre aqueles que vivem nas ruas, 42,8% não trabalham, 33,9% estão vivendo de bicos, 16,7% trabalham por conta própria, 3,9% são empregados sem registro em carteira, e 2,2% empregados com registro em carteira.

Outro dado importante revela o desejo de deixar as ruas. Apenas 6% dos entrevistados disseram que não desejavam deixar a situação atual, enquanto 92,3% querem mudar de vida. Quando questionados sobre o que é preciso para isso, 45,7% disseram ser o emprego fixo, seguido da moradia (23,1%), retornar para a casa de familiares ou resolver conflitos (8,1%), superar a dependência de álcool e outras drogas (6,7%).