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Homem percebe 'golpe do motoboy' e toma celular de golpista durante ação

O reconhecimento facial tem sido usado para aplicar golpes envolvendo financiamentos bancários - Lucas Carvalho/Tilt
O reconhecimento facial tem sido usado para aplicar golpes envolvendo financiamentos bancários Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Pedro Vilas Boas

Colaboração para o UOL

05/02/2022 17h33Atualizada em 05/02/2022 17h33

Quando Paulo Gonçalves, 26, recebeu a visita de um suposto entregador em sua casa, em Belo Horizonte (MG), ele já estava preparado para o que seria uma tentativa de "golpe do motoboy". Assim que o homem entregou o celular para o analista de testes fazer o reconhecimento facial e receber a encomenda, o jovem tomou o aparelho e ainda conseguiu filmar o golpista fugindo.

O "golpe do motoboy" ganhou força nos últimos meses. Para atrair vítimas, golpistas fingem ser entregadores de comida ou presentes e após entregarem produtos não pedidos, dizem que precisam de uma selfie do suposto cliente para confirmar a entrega. Ao conseguir as imagens, aprovam financiamentos através de aplicativos de bancos ou corretoras.

Paulo estava prestes a ser vítima de um golpe para obter financiamento bancário. Mas ele sabia disso. Minutos antes do ocorrido de ontem, compartilhou com seus seguidores no Twitter a suspeita.

"Cheirinho que vou receber o golpe do motoboy. Dois bancos consultaram meu 'score' no Serasa hoje e uma floricultura inexistente disse que vai me entregar um presente", relatou.

Com o celular em mãos, o analisa de testes comprovou as suspeitas. Parte da tela do aparelho estava coberta com uma fita adesiva para não revelar o aplicativo do banco aberto na etapa que confirmaria o financiamento.

"Meu plano era pegar o celular para provar que era um golpe e não deixar o golpista ir embora. Mas ele nem tentou pegar o celular de volta; fugiu assim que eu tomei", contou ao UOL.

Paulo registrou o Boletim de Ocorrência na delegacia e entregou o celular, já desbloqueado, aos policiais. "Me preocupei com a minha segurança e em ter o máximo de provas possível, tirando print do Serasa, conversa pelo Whatsapp, SMS, tudo."

Viralizou

O relato de Paulo Gonçalves no Twitter viralizou. A postagem com a suspeita de golpe já tem mais de 13,4 mil curtidas, enquanto a publicação em que o analista de testes confirma o crime passou das 16,8 mil curtidas.

Paulo diz que está receoso com a repercussão. Ele, que tem deficiência auditiva, afirma que dedica seu perfil na rede social para escrever sobre tecnologia e inclusão de pessoas com deficiência.

"Evito falar de qualquer coisa privada que possa identificar aonde moro ou aonde vou. Acredito que, com o tempo, as pessoas vão parar de me seguir, caso não gostem de nenhum dos dois assuntos."

Golpe não é novidade

Apesar do relato de Paulo ter viralizado no Twitter, o golpe envolvendo reconhecimento facial não é uma novidade. Em junho do ano passado, o UOL mostrou que um publicitário, morador da capital paulista, descobriu o financiamento de um carro em seu nome, contratado à sua revelia. A má noticia veio, afirmou a vítima, logo após ele mostrar o rosto para o celular de um motoboy, para confirmar a respectiva identidade e, assim, receber um brinde na sua residência.

O golpe deixa as parcelas do automóvel para a vítima pagar, mesmo sem ela receber o veículo - que ficaria em poder dos golpistas. O publicitário denunciou o caso à Polícia Civil de São Paulo, que deu início a investigação por suspeita de estelionato.

A vítima também levou o caso ao Itaú, que teria liberado o financiamento. O banco informou que abriu procedimento interno para apurar os fatos.