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Operação policial em favela deixa ao menos 8 mortos na Vila Cruzeiro, no RJ

Ação da PF, PRF e PM na Vila Cruzeiro, na Penha, deixou mortos Imagem: Reprodução/TV Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

11/02/2022 08h11Atualizada em 11/02/2022 14h26

Oito pessoas morreram na manhã de hoje durante operação da Polícia Militar e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, zona norte do Rio. A operação ocorre uma semana após o STF (Supremo Tribunal Federal) determinar que o governo do Rio elabore um plano para reduzir a letalidade das operações policiais.

Segundo a PRF, a ação na região —que fechou ao menos 17 escolas da rede pública— tem como objetivo prender integrantes de uma quadrilha especializada em roubo de cargas. Até o momento, nenhuma das pessoas que morreu na operação foi identificada.

Sem dar detalhes, a PM afirmou que a ação também busca "conter a ação de criminosos na região, que estariam planejando ataques às forças de segurança que ocupam a comunidade".

"Segundo informações preliminares, oito indivíduos ficaram feridos e não resistiram. Seis fuzis e 3 pistolas foram apreendidos até o momento. A ocorrência está em andamento", disse a Secretaria de Estado de Polícia Militar, em nota.

Veja a cobertura desse caso e mais notícias no UOL News:

Alvo é 'Chico Bento'

De acordo com a PRF, um dos alvos é o traficante Adriano Souza de Freitas. 39, conhecido como Chico Bento, uma das lideranças do CV (Comando Vermelho) no Jacarezinho, comunidade da zona norte que recebeu o programa "Cidade Integrada" do governo do Estado.

Imagem: Divulgação

O traficante fugiu do Jacarezinho para a Vila Cruzeiro —comunidade famosa por ter sido onde o jogador de futebol Adriano cresceu— após a chegada das forças de segurança, no mês passado.

Ainda segundo a PRF, na chegada à comunidade, os agentes se depararam com um "bonde fortemente armado". Até o momento sete fuzis, quatro pistolas, 14 granadas, porções de cocaína e de maconha e carga roubada foram apreendidos.

Um morador da região disse ao UOL que o confronto foi muito intenso na favela e que não conseguiu sair para trabalhar na manhã de hoje.

"Foi um bombardeio, não foi um tiroteio. Neste momento [às 08h15] a situação está mais tranquila, mas não tenho coragem de botar o pé para fora de casa. É só esperar as aulas começarem, que começam as operações. É impressionante isso", disse o morador que relatou a presença de veículos blindados na região.

Um helicóptero da TV Globo flagrou moradores sacudindo lençóis brancos na favela.

PRF exibe itens apreendidos em operação policial com oito mortos na Vila Cruzeiro Imagem: Divulgação/PRF

Quem é Chico Bento?

Adriano Souza de Freitas, o Chico Bento, responde pelos crimes de homicídio, tortura, tráfico de drogas, associação para o tráfico e roubo. Ele também é suspeito de aliciar menores de idade para o tráfico. Contra ele, há ao menos quatro mandados de prisão pendentes.

O traficante ainda é suspeito de envolvimento na morte do soldado da PM Michel de Lima Galvão, 32, morto na comunidade em 2017. O agente, ferido durante confronto com traficantes no interior do Jacarezinho.

No mês passado, a Polícia Civil informou que encontrou uma casa de luxo que pertenceria ao traficante.

STF proibiu operações

Em 2020, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu por confirmar a liminar dada em junho do mesmo ano, pelo ministro Edson Fachin, proibindo a realização de operações policiais em favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia de covid-19, sob pena de as corporações e o governo serem responsabilizados civil e criminalmente.

Na liminar, Fachin havia dito que as operações policiais nessas localidades só podem ocorrer em hipóteses "absolutamente excepcionais". Nesses casos, as ações devem ser "devidamente justificadas por escrito" pela autoridade competente com a comunicação imediata ao Ministério Público do Estado do Rio, responsável pelo controle externo da atividade policial.

Na semana passada, o STF determinou que o RJ detalhe as medidas a serem adotadas para reduzir a letalidade policial.

Entre as medidas, está a determinação de que o governo fluminense elabore um plano objetivo para conter a letalidade policial, no prazo de 90 dias, e a instalação de equipamentos com GPS e gravação de áudio e vídeo acoplados às fardas dos policiais, no prazo de 180 dias.

"O sistema precisa realmente de uma correção de rumos que proteja a vida e a saúde de todos, ou seja, dos integrantes das comunidades e dos policiais", disse o presidente do STF, Luiz Fux. "É necessária a intervenção do Judiciário", afirmou.

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