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No 4º mandato, prefeito diz que nunca viu Petrópolis 'desse jeito'

17.fev.22 - Visão geral de um deslizamento de terra no Morro da Oficina após chuvas torrenciais em Petrópolis - RICARDO MORAES/REUTERS
17.fev.22 - Visão geral de um deslizamento de terra no Morro da Oficina após chuvas torrenciais em Petrópolis Imagem: RICARDO MORAES/REUTERS

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/02/2022 16h52Atualizada em 19/02/2022 17h14

Em seu quarto mandato como prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo (PSB), 60, afirmou hoje (19) que nunca viu uma situação como essa na cidade e classificou-a como a "maior tragédia histórica". Bomtempo assumiu a prefeitura em 2001, 2005, 2013 e no fim de 2021, após decisão judicial.

Ontem à noite, o político declarou que gostaria de ter feito mais pela prevenção a desastres na cidade. O número de mortes em decorrência das chuvas em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, chegou a 140, segundo o Corpo de Bombeiros.

Eu tenho 60 anos. Eu nasci em Petrópolis, sou médico, acho que eu sou vocacionado para essa questão humanitária. Por essa questão do cuidado com o outro, e é lógico que um momento como esse me toca profundamente, eu tenho família, filhos, e a gente fica muito tocado porque eu nunca vi a minha cidade desse jeito.
Rubens Bomtempo à CNN Brasil

Bomtempo classificou a situação atual como a "maior tragédia histórica de Petrópolis" e afirmou que nesse momento não pode deixar o "colete de prefeito" de lado porque tentará retribuir o apoio que recebeu sempre dos moradores da cidade.

"Eu nunca imaginei, e olha que eu já passei por muita chuva. Uma tragédia como essa, com certeza, é a maior tragédia histórica de Petrópolis e eu nunca tinha imaginado [passar por isso]. Então, eu estou muito tocado, mas sabendo que nessas horas eu não posso tirar o colete de prefeito e que eu vou até a minha última energia que tiver para poder tentar retribuir tudo que o povo petropolitano sempre me deu", desabafou.

Conforme mostrou reportagem do UOL, desde 2017 a Prefeitura sabia de 15 mil imóveis em risco na área da tragédia. Bomtempo, que já foi prefeito de Petrópolis em outras três ocasiões (2001-2004, 2005-2008 e 2013-2016) declarou ontem que está há pouco tempo no cargo e que não irá julgar as gestões de seus antecessores.

"Eu cheguei agora na prefeitura. Eu fiquei 5 anos fora. Eu não vou ficar aqui julgando meus antecessores. Não vou fazer isso. Ele [jornalista] me perguntou o que eu fiz, o que o Paulo fez, eu fui claro, transparente, a melhor coisa que tem."

Ontem, questionado pela reportagem do UOL sobre a condição no Morro da Oficina, onde mais de 80 casas foram atingidas, Bomtempo disse que o governo federal autorizou a regularização fundiária na região. Ele acrescentou que isso será feito com dinheiro público por meio de emenda parlamentar.

O relatório de 2017 aponta que na região do Morro da Oficina, eram 729 casas em perigo, sendo 249 no nível mais alto de risco. Desconversando sobre a pergunta, o prefeito argumentou que a ocupação do Morro da Oficina foi realizada por funcionários da ferroviária após o fim da passagem da rede pela região em 1966.

Recursos para Natal e publicidade superam contenção de encostas

A prefeitura reservou, no ano passado, mais recursos para gastar com luzes de Natal e publicidade do que com contenção de encostas.

Levantamento feito pelo UOL no Portal da Transparência do município mostra que foram empenhados —ou seja, reservados para pagamento, mas não necessariamente investidos—, em 2021, R$ 2,107 milhões em obras de prevenção de queda de barreiras. Somados, os recursos para propaganda (R$ 4,426 milhões) e a iluminação de fim de ano (R$ 1,105 milhão) foram, por sua vez, de R$ 5,531 milhões, mais que o dobro.

O portal informa o valor reservado, mas não o que foi efetivamente gasto. A prefeitura de Petrópolis não se manifestou a respeito dos investimentos até o fechamento da reportagem.

Para se ter uma ideia, o valor destinado à "iluminação cênica, ornamental e decorativa para o Natal Imperial 2021" supera os recursos para obras de contenção no 1º Distrito — o mais afetado pelas chuvas— relacionados diretamente ao mapeamento realizado pelo Plano Municipal de Redução de Riscos. Foram reservados apenas R$ 940,4 mil para esses serviços.