Mulheres relatam sequelas após cirurgias plásticas com médico no Ceará
Complicações e sequelas causadas após passarem por cirurgia plástica levaram pelo menos dez mulheres a procurar a polícia para denunciar o cirurgião plástico Dalvo Neto, de 43 anos. Após as denúncias, foi aberto um inquérito por lesão corporal contra o médico, como mostrou reportagem do Fantástico, da TV Globo, deste domingo (10).
O médico nega as acusações, aponta "falta de cuidado" das pacientes e vê uma "política de disseminação de ódio nas redes sociais".
Cirurgião plástico há mais de dez anos, Neto é um dos mais famosos do Ceará, e atende em um consultório em um bairro de classe média alta em Fortaleza. A popularidade do médico e a intensa divulgação de seus procedimentos nas redes sociais levaram as mulheres a procurá-lo.
Uma das pacientes contou que o seio direito dela começou a necrosar uma semana após a cirurgia. Em contato com o médico, Adrissia Cristina Cavalcante Soares, que é representante comercial, disse que a resposta foi de que "ia ficar tudo bem" e que ela era "um caso único".
Outra mulher, que veio da Espanha para realizar o procedimento com o médico, também sofreu sequelas. Áquila Félix Nunes contou que, ao voltar para o país e se consultar com uma médica de lá, soube que o peito "estava necrosado".
Já a dentista Jeordana Cordeiro, foi orientada a "insistir" na prótese colocada, mesmo com aspecto diferente do esperado. Segundo ela, algum tempo depois, o peito "rompeu". A mulher também passou por uma cirurgia para retirada de gordura nos braços, que a deixou com cicatrizes grandes: "Eu não uso mais blusa de manga ou de alça, entendeu? Por causa disso".
Outras três pacientes que falaram com o Fantástico passaram por um procedimento chamado abdominoplastia. A cirurgia, que remove gordura e pele da barriga, porém, ficou longe do resultado esperado. Imagens exibidas pela TV Globo mostram as marcas.
"Todo o meu sonho virou um pesadelo", diz Joyce Kelly de Aguiar, que buscava "um corpo mais bonito". Ela conta que, mesmo pálida e passando mal, tinha que ouvir do médico que "era besteira" e a recuperação era questão de tempo.
Posicionamento do médico
Ao Fantástico, Dalvo nega as acusações. O médico disse ter "mais de 3 mil cirurgias plásticas realizadas e um alto índice de satisfação".
"Em todos os casos que me foram procurados eu, sim, me preocupei demais em refazer a cirurgia, ou refazer a queixa. Fazer um refinamento de qualquer queixa que elas tivessem", disse.
O cirurgião também disse não se considerar "responsável ou culpado" pelos casos. Segundo Dalvo, tudo isso foi parte de uma "política de disseminação de ódio nas redes sociais". O médico também atribuiu às pacientes "falta de cuidado no pós-operatório".
"Infelizmente, nós médicos, não podemos garantir 100% de eficácia. Mas eu posso garantir que vou estar sempre ao lado dela, para apoiá-la no que for preciso", afirmou.
Além de procurarem a polícia, algumas mulheres também fizeram denúncias ao Conselho Regional de Medicina. Várias delas também conseguiram parecer de médicos peritos para entrarem com ações de indenização na Justiça.
A delegada Anna Victoria, explicou que as mulheres foram ouvidas em momentos diferentes na delegacia, mas com relatos muito parecidos. Segundo ela, as queixas giram em torno de uma demora excessiva no socorro médico a partir das queixas, e culpabilização das vítimas pelos resultados insatisfatórios. A delegada também explicou que o médico também será ouvido, e que outras vítimas também podem procurar a polícia.
As pacientes também reclamaram da falta de contato direto com o cirurgião. Segundo elas, eram as secretárias que respondiam às mensagens. Uma ex-funcionária, que não quis se identificar, relatou que Dalvo Neto tratava de maneira diferente aquelas que tinham queixas.
"Primeiro atendimento era como se fosse assim, melhores amigos. Mas depois do pós-cirúrgico que foi aquela paciente que tava dando problema, ele já não tinha essa atenção", disse.
O diretor da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Alexandre Kataoka, ressaltou que o paciente tem direito de ter acesso ao médico ou a um assistente direto dele.
"Qualquer problema que ocorrer em um pós-operatório, é esse profissional que tem que ser acessado", explicou.
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