PM de folga é preso após reagir a assalto e matar estudante em São Paulo

Um policial militar de folga reagiu a uma tentativa de assalto na noite desta segunda-feira (11), no centro de São Paulo, e acabou matando uma estudante de 21 anos que passava pelo local e foi atingida por um dos disparos. Uma outra mulher também se feriu na ação.

Baleado nas nádegas, o suspeito da tentativa de roubo foi preso com uma arma falsa que foi apreendida pela Polícia Civil. O tenente Carlos Eduardo da Silva Filho, 24, foi detido em flagrante e indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A arma dele foi recolhida para perícia.

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O policial militar de folga estava em uma moto quando disse que foi abordado por Daniel Ventura de Lima, 19, na esquina da avenida Rio Branco com a rua Vitória por volta das 19h40, segundo consta em boletim de ocorrência da Polícia Civil obtido pelo UOL. Ele então desceu do veículo e disparou três vezes na direção do suspeito.

A estudante Ingrid Reis Santos, 21, que caminhava a cerca de 40 metros dali, foi atingida por um dos disparos no peito e morreu no local. Em postagem na manhã de hoje, parentes usaram o perfil de Ingrid no Facebook para lamentar a morte.

Uma outra mulher, de 19 anos, foi baleada no abdômen e levada a Santa Casa, onde recebeu atendimento médico e acabou sendo liberada.

Após a prisão do autor do disparo e do suspeito pela tentativa de assalto, a Polícia Civil solicitou imagens de sete câmeras de vigilância nas imediações para verificar se a ação foi registrada em vídeo. O UOL não localizou a defesa do suspeito de cometer a tentativa de assalto.

De acordo com a ocorrência policial, o PM de folga preso em flagrante se recusou a prestar depoimento ou a responder as perguntas dos policiais civis. "O indiciado não demonstrou qualquer tipo de remorso ou arrependimento", diz o registro. A Polícia Civil estipulou fiança de R$ 10 mil para que o autor do crime responda ao processo em liberdade.

O caso está sendo investigado pelo 3º Distrito Policial e pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), segundo informou nota enviada pela SSP (Secretaria de Segurança Pública). "As unidades instauraram inquérito para esclarecer todas as circunstâncias dos fatos. A Polícia Militar acompanha as investigações", diz um dos trechos do texto.

'Responsabilidade de preservar vidas'

O advogado Elizeu Soares Lopes, ouvidor das polícias de São Paulo, solicitou apuração junto à Corregedoria da PM-SP (Polícia Militar de São Paulo) e acesso aos detalhes da investigação conduzida pela Polícia Civil.

Ele questionou a reação do policial militar de folga. "O alerta para que as pessoas não reajam a um assalto também vale para o policial, que ainda tem a responsabilidade de preservar a vida das outras pessoas no cenário da ocorrência. Há indícios de imperícia na ação policial", adverte.

Ele também prestou solidariedade à família da vítima e lamentou o desfecho da ação do PM. "É lamentável, porque temos a vida de uma inocente sendo interrompida. É o caso de uma jovem que saiu de casa para trabalhar e morreu por um tiro dado por um policial".