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Grupo armado leva pânico a bar em Campinas, e DJ relata racismo e tiros

Bar em Barão Geraldo, Campinas, onde ocorreram atos racistas nesta sexta (6). A imagem registra evento realizado em 2018 - Reprodução/Facebook
Bar em Barão Geraldo, Campinas, onde ocorreram atos racistas nesta sexta (6). A imagem registra evento realizado em 2018 Imagem: Reprodução/Facebook

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

07/05/2022 18h22Atualizada em 09/05/2022 07h36

Um grupo armado é suspeito de cometer atos racistas em um bar em frente à moradia estudantil da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no interior de São Paulo.

Segundo relatos de uma testemunha, os criminosos estavam vestidos com roupas em alusão a um grupo de motoqueiros e teriam chegado ao local em um carro preto no decorrer de uma apresentação musical na noite da última sexta-feira (6). Durante a confusão, tiros foram disparados para o alto.

Também há relatos de que os homens envolvidos na ação usavam roupas com símbolos nazistas. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo foi questionada pela reportagem do UOL, e disse no sábado (7) que nem a Polícia Militar, nem a Polícia Civil, encontraram registros formais da ocorrência.

"Porém, assim que teve notícia do fato, a autoridade policial registrou ocorrência de Disparo de Arma de Fogo, requisitando perícia técnica para o local dos fatos. As equipes policiais iniciaram as investigações, com os levantamentos necessários para identificação dos autores e esclarecimento do crime", diz a nota.

Procurada novamente na tarde deste domingo (8), a SSP informou que "a Polícia Civil continua investigando os fatos". "O caso ficará sob responsabilidade do 7º Distrito Policial."

Por meio das redes sociais, o bar onde a cena ocorreu confirmou que houve "agressão envolvendo funcionários" do estabelecimento em decorrência de "ato racista e covarde", porém não confirmou se os agressores utilizavam ou não a suástica (ícone que remete à Alemanha nazista de Adolf Hitler).

"(...) pelos relatos dos envolvidos e testemunhas, trata-se de um ato racista e covarde por parte dos agressores. Repudiamos qualquer tipo de racismo e preconceito e estamos tomando as devidas providências", informou o bar em postagem no Instagram. O local funcionará normalmente na noite deste sábado (7).

A ação criminosa se deu durante uma apresentação musical feita pelo DJ Eugênio Rodrigues, conhecido como O'Rosa. O artista, um jovem negro que também é escritor e poeta, relatou em sua página no Instagram que três homens estavam um carro preto vestidos com coletes alusivos a uma tribo de motociclistas.

A confusão teria começado na entrada do bar, quando os agressores começaram a ofender um ambulante conhecido por trabalhar no local, que é natural de Gana. Rodrigues teria tentado então conversar com o grupo, porém a reação foi ainda mais agressiva, segundo ele. Na sequência, um dos homens efetuou três disparos para o alto, de acordo com o relato.

"Depois disso ele apontou a arma para mim e eu corri", narrou o jovem em vídeo publicado em seu Instagram.

Posteriormente aos disparos, o grupo teria deixado o local de carro —antes que a polícia fosse acionada e se dirigisse ao bar perto da Unicamp.

O DJ afirmou não ter visto símbolos nazistas entre os agressores, mas ter escutado tal versão de clientes que estavam no bar. "A gente não sabe qual era a intenção real das pessoas ali. Se era para assustar ou se estavam procurando alguém específico e não acharam". Toda a movimentação ocorreu por volta de 23h.