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Além da Argentina: os terremotos mais fortes que foram sentidos no Brasil

Terremoto na Argentina foi registrado em diferentes localidades do Brasil - Reprodução/Centro de Sismologia da USP
Terremoto na Argentina foi registrado em diferentes localidades do Brasil Imagem: Reprodução/Centro de Sismologia da USP

Do UOL, em São Paulo

12/05/2022 04h00

Moradores de diversas cidades de São Paulo sentiram, na noite de terça-feira (10), um tremor de terra que teria sido provocado por um terremoto de magnitude 6,6 que atingiu Jujuy, província na região noroeste da Argentina. Segundo o Centro Sismológico Mediterrâneo Europeu, o terremoto no país vizinho foi bastante profundo, a 182 km abaixo da superfície da Terra.

Apesar de os registros de terremotos serem raros no Brasil, diversas cidades já sentiram tremores advindos dos fenômenos com epicentros em outros países. Em 2018, um terremoto de magnitude 6,8 no sul da Bolívia fez com que prédios fossem evacuados. O tremor foi sentido em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e cidades do Rio Grande Sul, Santa Catarina e Paraná. Na ocasião, não houve registro de feridos.

Já no ano passado, um terremoto de magnitude 5,7 na escala Richter foi sentido em estados da região Norte do país. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o USGS, o terremoto teve como epicentro a fronteira do Brasil com a Guiana, próxima à cidade de Lethem, a 118 quilômetros de Boa Vista, capital de Roraima. O tremor chegou a Manaus, mas também não houve registro de feridos.

Os registros do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo ainda dão conta de um terremoto de magnitude 6,1 em Santiago Del Estero em 2013, na Argentina, que também foi sentido no Brasil, em municípios do Paraná. No ano anterior, a mesma situação se repetiu em ambas localidades, mas na época o tremor era de magnitude 6,7.

Já em 2011, quatro terremotos em regiões andinas foram sentidos no Brasil. O primeiro foi de magnitude 7,1 no dia 24 de agosto, no norte do Peru. Na época, os estados atingidos foram o Acre e o Amazonas. No dia 2 de setembro, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Distrito Federal e Goiás sentiram tremores de um abalo sísmico de magnitude 6,7 na Argentina.

No dia 10 de junho, foi a vez do Rio Grande do Sul enfrentar os tremores de um abalo sísmico de magnitude 6,6, também da Argentina. O último tremor do ano foi de 6,6 na escala Richter, que ocorreu na Bolívia. Na ocasião, São Paulo, Minas Gerais, Rondônia e o Distrito Federal foram os locais que registraram tremores.

Em fevereiro de 2010, um terremoto de magnitude 8,8 assolou o Chile, deixando um saldo de 525 mortos e centenas de feridos. Na época, os estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul também registraram tremores - em menor escala e sem feridos.

Segundo o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, os terremotos nas regiões andinas são sentidos no Brasil devido à profundidade do abalo. "Isso faz com que as ondas sísmicas se propaguem mais longe atingindo boa parte do Brasil com alta intensidade. A maior parte dos sismos dos Andes sentidos no Sudeste do Brasil têm grandes profundidades (de 100 a 650 km)", explica Marcelo Assumpção.

As vibrações normalmente chegam com uma amplitude muito pequena, quase imperceptível para seres humanos. "Essas vibrações são geradas como parte do processo de ruptura de um terremoto, que ocorre muitas vezes a milhares de quilômetro daqui e envolve a emissão de ondas sísmicas (vibrações que se propagam nas rochas da mesma forma como o som se propaga no ar). Essas vibrações então se propagam pelo interior da Terra e são então sentidas pelas pessoas", explica Marcelo Bianchi.

O Centro de Sismologia aponta que os fenômenos podem ser sentidos com mais intensidade quando possuem magnitudes maiores que 7 na Escala Richter, quando são sismos profundos (maior que 100 km) ou nas cidades grandes, já que há prédios altos, que ressoam as ondas sísmicas com mais facilidade.

Além disso, no caso de São Paulo, que frequentemente aparece em locais onde são registrados tremores advindos de outros países, há uma bacia sedimentar, que ajuda a amplificar as vibrações vindas dos Andes, uma área de grandes movimentos sísmicos. Segundo registros, o primeiro terremoto andino sentido em São Paulo foi em 1941.