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Trancado a 5 chaves desde 1835: como coração de Dom Pedro 1º é preservado?

Coração de D.Pedro 1º, mantido em igreja no Porto. A imagem é take de um documentário a ser lançado em 2023 - Reprodução
Coração de D.Pedro 1º, mantido em igreja no Porto. A imagem é take de um documentário a ser lançado em 2023 Imagem: Reprodução

Nicole D'Almeida

Colaboração para o UOL

07/06/2022 04h00Atualizada em 07/06/2022 08h30

O coração de Dom Pedro 1º está bem conservado e protegido em uma igreja na cidade do Porto, em Portugal, mesmo 188 anos após sua morte. A Irmandade de Nossa Senhora da Lapa é a guardiã da relíquia desde 1835.

No entanto, por mais que a igreja ainda esteja funcionando, celebrando suas missas em horários restritos e realizando visitas guiadas, não é possível ter contato com o coração do ex-imperador do Brasil. O órgão é abrigado em um monumento construído por Costa Lima, localizado na capela-mor ao lado do Evangelho.

Lacrado em um recipiente de vidro transparente e mergulhado em formol, o coração é guardado, literalmente, a cinco chaves.

A primeira delas abre uma placa de metal. A segunda e a terceira removem redes de ferro. A quarta abre uma urna. E, por fim, a última chave dá acesso a uma caixa de madeira na qual se encontra o órgão.

O formol é uma solução de água e metanal, uma substância usada para embalsamar peças de cadáveres por sua propriedade de impedir a decomposição. Ele é preservativo, desinfetante e anti-séptico, porque desnatura proteínas, ou seja, faz com que fiquem mais resistentes às bactérias.

Devido aos inúmeros cuidados e armazenamento da Igreja da Lapa, o coração está preservado até os dias de hoje.

A última pessoa a filmar e fotografar o coração de Dom Pedro 1º foi Miguel Gonçalves Mendes, diretor do premiado filme "José e Pilar". A filmagem ocorreu em 2015, durante as gravações de "O Sentido da Vida", filme e série produzidos em parceria com a brasileira O2 Filmes.

Pedido do Brasil

Recentemente, o governo brasileiro pediu emprestado o coração de Dom Pedro 1º para a comemoração do bicentenário da Independência. George Prata, embaixador brasileiro em Portugal, fez o pedido à Câmara Municipal de Porto quando esteve no país.

Contudo, cientistas responsáveis pela preservação do coração temem que ele possa deixar de existir se viajar para cá.

A Irmandade de Nossa Senhora da Lapa pediu uma avaliação técnica à Faculdade de Medicina do Porto para saber das verdadeiras condições do coração e se ele pode vir temporariamente para o Brasil sem sofrer danos.

História

O "Rei Soldado", como ficou conhecido, desejou que seu coração permanecesse no Porto, cidade que o tem como herói devido às batalhas travadas com seu irmão Dom Miguel.

A Irmandade de Nossa Senhora da Lapa foi escolhida por vontade de Da. Maria II, rainha de Portugal e filha de Dom Pedro, pois era nessa igreja que o pai assistia às missas militares.

O restante de seu corpo está no Brasil, país onde foi imperador de 1822 a 1831. Seus ossos só chegaram aqui em 1972, por causa dos 150 anos da Independência, e se encontram na cripta do Monumento à Independência, no bairro do Ipiranga, cidade de São Paulo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informava o título da matéria e a home do UOL, o coração de Dom Pedro 1º está conservado desde 1835, e não 1935. A informação foi corrigida.