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Bolsonarista que matou petista é intimado e tem dez dias para se defender

Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado (agravado) por motivo torpe Imagem: REPRODUÇÃO | FACEBOOK

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

21/07/2022 14h35Atualizada em 21/07/2022 21h46

O policial penal Jorge José da Rocha Guaranho foi intimado hoje pela Justiça do Paraná e terá dez dias para se defender da acusação do assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, morto a tiros na noite de 9 de julho quando comemorava o seu aniversário com uma festa temática do PT em Foz do Iguaçu.

Baleado após abrir fogo contra a vítima, que revidou aos disparos, o atirador teve alta há dois dias da UTI do Hospital Ministro Cavalcanti e está consciente. Guaranho foi denunciado ontem pelo Ministério Público por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum, com pena de 12 a 30 anos de prisão.

No mandado de citação ao qual o UOL teve acesso, o juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, estabelece o prazo para que os representantes legais do réu apresentem resposta por escrito e juntem depoimento de até oito testemunhas do caso para que sejam intimadas, se necessário.

Na certidão de recebimento de intimação de Guaranho, a oficial de justiça Roberta Muller destacou que o réu estava "lúcido e compreendendo" o teor do documento. " Fez perguntas e respondeu todas as minhas indagações acerca do mandado (tais como: endereço residencial -
confirmou residir (endereço dele); se possuía advogado e o nome dele)."

Procurados, os advogados de Guaranho não se manifestaram sobre a intimação.

Na denúncia, o MP relacionou a motivação do crime às divergências políticas entre vítima e atirador, que foi ao local da festa para "provocar" os convidados, de acordo com relato de testemunhas à Polícia Civil do Paraná.

Antes de disparar contra Arruda, o atirador disse que "petista vai morrer tudo", ainda segundo os depoimentos.

Divergências com a polícia

Na semana passada, a Polícia Civil do Paraná indiciou o policial penal por homicídio qualificado por motivo torpe e por causar perigo a outras pessoas. O promotor Tiago Lisboa Mendonça explicou a divergência da denúncia em relação ao indiciamento da polícia.

"Nosso entendimento que o crime abjeto, repugnante, da torpeza, ele tem de certa forma essa conotação de alguma vantagem no campo econômico. Já o motivo fútil é aquele motivo flagrantemente desproporcional", afirmou.

Diferentemente da polícia, o MP afirmou que, quando Guaranho retornou à festa e atirou em Arruda, houve também motivação política. Os promotores citaram uma testemunha que relatou ter ouvido Guaranho gritar "aqui é Bolsonaro" antes de matar o petista.

"Nós entendemos que esse retorno se deu em razão desse mesmo motivo fútil que integra toda a conduta. Nós não podemos desmembrar a conduta do agente como fútil ou torpe e no outro momento entender que essa motivação foi por um sentimento de humilhação", complementou.

Já a delegada Camila Cecconello afirmou, na semana passada, que "não há provas de que ele voltou para cometer crime político. É difícil falar que ele matou pelo fato de a vítima ser petista". Cecconello disse ainda ter se baseado no depoimento da própria esposa do atirador bolsonarista para apurar o que motivou o seu retorno ao local do crime.

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