Rio: Operação deixa 5 mortos no Alemão; família de mulher acusa PMs
Familiares de Letícia Salles, 50, denunciam que policiais militares atiraram contra o carro em que ela estava e a atingiram no peito durante operação policial no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. Letícia foi levada para uma unidade de saúde local, mas morreu.
Outras quatro pessoas morreram na ação, inclusive o policial militar Bruno de Paula Costa. A PM indica que os outros três homens mortos eram criminosos, mas não divulgou a identificação deles para a informação ser checada de forma independente. Ao longo da tarde, moradores levaram mortos e feridos para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Alemão — além dos cinco já confirmados.
De acordo com a PM, o cabo Costa foi atingido durante um ataque à base da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) por criminosos.
Os familiares de Letícia afirmam que não havia tiroteio na Estrada do Itararé, de acesso à comunidade, quando os PMs dispararam contra o carro em que Letícia estava com o namorado e um primo. Os PMs não socorreram a mulher.
Procurada, a PM não respondeu sobre a responsabilização da morte de Letícia. Em nota, a corporação afirmou que "acompanha e colabora integralmente com todos os procedimentos".
Segundo a PM, quatro homens em fuga foram detidos na Favela da Galinha, perto do Alemão. A corporação também informou a apreensão de uma metralhadora .50 (capaz de derrubar helicóptero), quatro fuzis e duas pistolas.
Após a confirmação das mortes, uma manifestação de mototaxistas foi organizada nos acessos às comunidades. No Twitter, a Polícia Militar afirmou que o ato "é para garantir oportunidade de fuga de criminosos cercados na operação", sem maiores explicações.
A operação de hoje no Complexo do Alemão é feita por equipes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da PM e da Core (Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais) da Polícia Civil. Às 13h, a ação ainda estava em curso. Nas comunidades do Juramento e Juramentinho, também na zona norte, PMs dos batalhões do Méier e do Irajá realizam outra operação.
Ainda em nota, a corporação informou que a operação de hoje ocorre após investigações sobre roubos de veículos em bairros da zona norte e roubos a bancos em Niterói, na Baixada Fluminense e também no município de Quatis. A PM afirma também que o grupo alvo da operação de hoje atua em roubos de carga e de óleo diesel — para derramar o combustível em acessos a comunidades e dificultar operações policiais.
A corporação não informou se havia mandados de prisão ou de busca e apreensão a serem cumpridos na operação de hoje.
Moradores relatam manhã de terror no Alemão
Nas redes sociais, moradores do Complexo relatam um cenário de guerra em meio à operação, com "rajadas de tiros" e moradores sendo acordados pelo barulho das balas.
"Já estamos no local mais seguro de nossa casa, já vai para quase 1 hora. Os tiros ecoam em nossos ouvidos. É desesperador demais. A nossa realidade não é perfeita igual muita gente pinta", desabafou Renata Trajano.
"Meu barraco treme a cada rasante desse helicóptero, isso não é normal, banalização das nossas vidas não é normal", completou a cofundadora do Coletivo Papo Reto.
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