Golpe de R$ 720 mi: Falsa vidente já foi presa por golpe em desempregada
Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic, 37, é apontada pela Polícia Civil como a falsa vidente que abordou uma idosa, de 82 anos, em Copacabana, na zona sul do Rio, e ofereceu serviços espirituais para evitar que a filha da mulher, que sofria de um mal incurável, segundo suas previsões, morresse.
O golpe resultou em um prejuízo para a vítima no valor de R$ 724 milhões em obras de artes, de autoria de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, além de transferências bancárias. Além de Diana, uma prima dela foi presa, Jaqueline Stanesco — o advogado nega as acusações contra ela (leia abaixo).
Diana já havia sido presa no mês de abril, no bairro de Ipanema, na zona sul do Rio, por estelionato. Ela foi solta em audiência de custódia, à época, e agora está foragida, já que não foi achada pela polícia na operação de ontem.
A falsa vidente também abordou uma mulher na rua e a convenceu a realizar uma consulta espiritual. Em um apartamento, ela pediu que a vítima comprasse ovos brancos, panos e velas sob para desfazer um "trabalho" feito contra a mulher.
Pelo procedimento, a falsa vidente cobrou R$ 4,3 mil. A mulher, na época desempregada, não tinha recursos para fazer o pagamento. Um dia após a suposta consulta, ela ameaçou a vítima dizendo que ela seria hospitalizada em seis meses, caso não cumprisse o recomendado.
Na ocasião, o Tribunal de Justiça concedeu liberdade provisória a Diana. Ela foi solta em audiência de custódia e teve a prisão convertida em medidas cautelares, como comparecimento mensal em cartório, proibição de se ausentar da comarca de sua residência, proibição de contato com a vítima e devendo manter distância dela por 200 metros.
Contra Diana há também um processo por falsidade ideológica.
Novo golpe
De acordo com as investigações da Delegacia Especial de Atendimento à pessoa da Terceira Idade (Deapti), Diana é a falsa vidente responsável por abordar a idosa.
Segundo o inquérito, no início de 2020, ela abordou a vítima que saía de uma agência bancária em Copacabana.
Ela disse à mulher que a filha estava com um mal incurável e iria morrer em breve. De acordo com depoimento da mulher, que só procurou a polícia neste ano, ela foi levada por Diana até um apartamento, onde confirmou o destino da jovem através de búzios e do tarot.
Depois, as duas seguiram para a casa de uma segunda vidente que confirmou o destino da filha da vítima.
Segundo o delegado, Gilberto da Cruz Ribeiro, à idosa foi dito que era possível fazer um trabalho para livrar a filha da morte.
"Ela começou a perguntar a idosa sobre as posses. A abordagem assustou um pouco a idosa. Ela ficou reticente e não prosseguiu ali. A Diana levou a mulher até uma terceira vidente e o processo se repetiu. Dessa vez, foi dito que a mulher tinha posses, vivia na Avenida Atlântica e que ela tinha quadros, obras de arte e que poderia pagar pelo trabalho".
Diante dos detalhes, a vítima acreditou na história e colocou a filha ciente do que estava acontecendo. Segundo a Polícia Civil, ela orientou a mãe a providenciar os pagamentos. O que a vítima não sabia é que a mulher estaria envolvida no golpe que acabou com transferências bancárias, a vítima mantida em cárcere privado por um ano, e o roubo de 16 obras de artes, além de joias.
Até o momento, 4 pessoas foram presas e duas estão foragidas. Onze obras de artes foram localizadas e recuperadas pela polícia. O UOL pediu informações sobre a defesa de Diana à polícia, mas ainda não obteve resposta. A reportagem também tentou contato por telefone com uma advogada que já representou a suspeita, mas não foi atendida — o texto será atualizado caso haja um posicionamento.
Advogado nega acusações
O advogado de Jacqueline Stanesco, prima de Diana, alegou que sua cliente é inocente. Horácio Cariello disse que a prisão foi equivocada e citou "uma briga ferrenha na família", que teria afastado os parentes.
Segundo ele, Jacqueline não tem contato com as primas Diana e Rosa Stanesco, outras duas videntes que também atenderam a idosa.
As três não se falam há 15 ou 20 anos, segundo ele. De acordo com a defesa, o reconhecimento das supostas videntes foi feito apenas por fotografia na delegacia - o que pode ter ocasionado um erro.
"Existe inclusive um registro na 14ª DP (Leblon) sobre uma briga que houve lesão corporal. Então, elas não se suportam. Não há acordo entre elas, não se toleram. A senhora [vítima] tem uma certa idade e pode ter se equivocado ao ver a foto da Jacqueline. Na casa dela não foi encontrado nenhum pertence, nenhum quadro".
Cariello disse ainda que Jacqueline não faz atendimentos na Avenida Atlântica em Copacabana, na zona sul do Rio."Ela não faz consulta fora de um quartinho que ela tem na residência dela ou no terreiro em Nova Iguaçu [na Baixada Fluminense] por uma questão da religião dela", concluiu o advogado.
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