Mãe de 3 filhos, empresária com seguro de vida de R$ 1 mi desaparece em SP
Uma empresária de 31 anos está desaparecida desde o dia 20, quando saiu, sem levar carteira, documentos e celular, do apartamento em que morava com o marido, a sogra e três filhos pequenos, em Barueri, a 30 quilômetros de São Paulo. Dona de uma serralheria, a mulher tinha em seu nome duas apólices de seguro que, somadas, pagariam uma indenização de mais de R$ 1 milhão aos beneficiários de sua morte.
Jackeline Oliveira Minguette e sua família haviam se instalado no apartamento, em um condomínio de classe média, cerca de 30 dias antes de seu desaparecimento. Proprietários de uma casa em Boituva, decidiram alugar a unidade de três dormitórios para poderem ficar mais próximos da serralheria, localizada no município vizinho de Jandira.
No dia 20, a empresária estava com a sogra e os três filhos pequenos - um deles lactente, de 8 meses - no imóvel. O marido havia viajado a negócios para outro município. Por volta das 14h30, ela foi flagrada por câmeras de segurança do edifício pegando o elevador e depois atravessando a garagem do prédio até a portaria. Ela trajava camiseta preta, calça vermelha, meias brancas e um par de chinelos.
A mãe de Jackeline, Madalena Maria de Oliveira, 48, que mora na periferia de Jandira com o marido e os dois irmãos da empresária, só foi informada do desaparecimento da filha no final da tarde do dia 20, por volta das 18h30, logo após o genro ter retornado ao apartamento e ser informado por sua mãe que a esposa não tinha voltado. Em depoimento à polícia, a sogra de Jackeline disse que a nora havia saído para "espairecer um pouco".
Madalena diz que soube recentemente que o balanço financeiro da serralheria não ia bem. Apesar de ela e o marido terem iniciado o negócio, o casal foi perdendo o controle sobre as finanças após chamarem o genro e a filha para trabalharem com eles. "Acabei entregando o controle de tudo para ela, ficou tudo no nome dela. Eu, meu marido e meus outros dois filhos ficamos só com a parte da execução dos serviços", disse ao UOL.
Segundo o advogado Roberto Guastelli, que está auxiliando legalmente Madalena e sua família, foi estranho constatar que, no dia seguinte ao desaparecimento da esposa, Osvaldo recolheu objetos pessoais do apartamento e retornou a Boituva, com a mãe e os filhos. Depois entregou o apartamento.
Ainda no dia seguinte ao desaparecimento, descobriu-se que alguém teria transferido para a conta de Jackeline a quantia necessária para o pagamento da parcela de uma das apólices de seguro em seu nome, mantida em débito automático.
"Também no dia seguinte ao desaparecimento, Osvaldo enviou duas mensagens ao celular da esposa, mesmo sabendo que o aparelho estava dentro do apartamento. É, no mínimo, estranho", afirmou Guastelli.
Procurado, o marido de Jackeline, Osvaldo Félix, disse que não iria dar entrevista. Ele afirma que está à base de remédios tranquilizantes e sem condições de falar sobre o caso. "Não quero que distorçam a minha fala, como já aconteceu. Não quero ser atraiçoado novamente", declarou.
Cães farejadores
"Na versão dele [Osvaldo], minha filha desapareceu porque quis abandonar ele e os filhos, mas ela jamais, jamais faria uma coisa dessas", afirmou Madalena. "Ela estava dando de mamar para o caçula. Se ela quisesse fugir, por que sairia de chinelos, de mãos abanando?", indaga.
No dia seguinte ao desaparecimento, a polícia enviou agentes com cães farejadores para que pudessem encontrar pistas do caminho tomado pela empresária, após sair do prédio. O rastro acompanhado pelos animais terminava num ponto de ônibus, próximo de um rio.
"Chegamos a pensar que ela tinha se afogado, foi desesperador. Nos dias que seguiram procuramos ela em todos os lugares, ligamos para hospitais, albergues, IML. Mas nada de achá-la. Ele [Osvaldo] nem ajudou a procurar. Eu só quero a minha filha. Não sei se está viva ainda, já passou muito tempo. Mas quero ela de volta".
Madalena conta que, antes que Osvaldo deixasse de vez o apartamento para voltar a Boituva, ela pegou o celular da filha e levou embora. "Ele quis depois de volta, mas eu não devolvi. Entreguei para a polícia, eles vão investigar".
Segundo Roberto Guastelli, a polícia obteve a quebra do sigilo telemático dos telefones de Jackeline e Osvaldo. E também irá investigar a origem da transferência bancária para pagamento da apólice. "O delegado também irá confirmar quem são os beneficiários das apólices, que preliminarmente soubemos ser o marido e as crianças".
Sem um atestado de morte, explica o advogado, seria impossível ter acesso direto a indenização do seguro. "O beneficiário teria que abrir um processo de ausência de pessoa e esperar o prazo de 10 anos para que o juiz declarasse morte presumida", explicou.
A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou em nota que foi instaurado inquérito policial pelo Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa de Carapicuíba, que apura as circunstâncias do caso.
"A Polícia Civil analisa imagens e realizou as oitivas das partes. A equipe da unidade trabalha nas diligências visando à completa elucidação dos fatos. Detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial", declara o órgão.
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