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Em júri, Flordelis chora sem parar durante depoimento de filho adotivo

7.nov.2022 - A ex-deputada Flordelis é julgada por júri popular em Niterói (RJ) - Brunno Dantas/Reprodução TJ-RJ
7.nov.2022 - A ex-deputada Flordelis é julgada por júri popular em Niterói (RJ) Imagem: Brunno Dantas/Reprodução TJ-RJ

Do UOL, em Niterói

09/11/2022 14h06

Durante o depoimento de seu filho adotivo Daniel dos Santos de Souza, no início da tarde de hoje, no Tribunal do Júri de Niterói (RJ), a ex-deputada federal Flordelis chorou bastante e foi amparada por seus advogados. O próprio Daniel também se emocionou ao contar detalhes do dia em que o pastor Anderson do Carmo foi morto, em junho de 2019.

Sem previsão de término, o julgamento da ex-parlamentar e de outros quatro parentes entrou hoje no terceiro dia. Pela manhã, foi ouvida Luana Rangel Pimenta, nora de Flordelis, que reforçou as acusações de que a ex-deputada foi a mandante do assassinato —a pastora evangélica nega.

Daniel foi ouvido por videoconferência e chegou a parar o depoimento por alguns instantes para se recompor. Aos promotores do caso, ele afirmou que preferiu não estar pessoalmente no tribunal porque ainda tem "muito sentimento por eles", referindo-se a Anderson e Flordelis.

O filho adotivo contou que houve uma troca de carro antes do crime. Antes do assassinato, segundo ele, Anderson pediu para usar o seu veículo em vez do próprio, que era blindado, o que causou estranheza a ele.

Daniel chorou ao lembrar do barulho de seu carro chegando na residência da família enquanto estava em um dos quartos. Em seguida, ouviu os disparos e sua mãe gritando que haviam matado seu marido. A ré chorou por cerca de 40 minutos durante esse depoimento.

Tema do incesto volta a júri. A primeira testemunha a depor hoje foi Luana Rangel Pimenta, nora de Flordelis. Ela disse a ex-deputada dizia que Anderson iria morrer porque estava "atrapalhando a obra de Deus". Ao deixar o tribunal, ela disse à imprensa ter convicção que Flordelis foi a mandante do assassinato.

Questionada pela defesa de Flordelis se tinha alguma suspeita de que Anderson tivesse abusado dos filhos, Luana afirmou que nunca viu nada que o desabonasse. Segundo ela, Anderson era carinhoso, mas rígido quanto às condutas na família. "Se não fosse o pastor, a casa virava uma pornografia."

Bárbara Lomba, delegada que conduziu a investigação, disse —no primeiro dia de julgamento— que Flordelis e o pastor tinham relações íntimas com os filhos adotados —a defesa nega a prática e trabalha com a linha de que a ex-deputada e algumas de suas filhas e netas foram abusadas sexualmente por Anderson.

A nora de Flordelis classificou como absurda a tentativa da defesa de Flordelis de caracterizar Anderson como abusador.

O que diz Flordelis. Durante todo o processo, Flordelis negou ter qualquer ligação com a morte do marido. Em live realizada por ela horas antes de ser presa, a pastora e ex-deputada reafirmou sua inocência.

"Caso eu saia daqui hoje, saio de cabeça erguida porque sei que sou inocente. Todos saberão que sou inocente, a minha inocência será provada e vou continuar lutando para garantir a minha liberdade, a liberdade dos meus filhos e da minha família, que está sendo injustiçada."

Em entrevista à imprensa, Janira Rocha, advogada de Flordelis, expôs nesta semana a linha de que Simone Rodrigues —filha biológica e também ré— foi a única responsável por tramar a morte de Anderson em resposta a supostos abusos cometidos contra ela e suas filhas, netas da ex-deputada.

"Ela sofreu anos isso [abusos] e, quando chegou nas filhas, ela não aguentou. Uma coisa é que ela suportou os abusos porque tinha câncer, dependia do dinheiro para poder fazer seu tratamento de câncer, tinha quatro filhos e não tinha uma alternativa de sair de casa. Mas, quando o abuso chegou nas suas filhas, aí o copo entornou", diz a defensora da ex-deputada.

Os demais acusados também dizem que são inocentes.