Caso Flordelis: pastor sabia de plano para matá-lo, diz filho em júri
Ex-vereador e filho afetivo da ex-deputada federal e pastora Flordelis, Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, revelou, em depoimento, que o pastor Anderson do Carmo sabia de um plano para assassiná-lo.
De acordo com Misael, Anderson chegou a chamar por ele e por sua esposa, Luana Vedovi Rangel Pimenta, em sua sala em determinada ocasião. Em uma conversa privada, mostrou uma mensagem sobre um plano para assassiná-lo.
"Ele me chama para dentro do gabinete dele. Aí pergunta: 'Está sabendo?'. Eu falo: 'Está sabendo de que, pastor?'. 'Que estão querendo me matar'", narrou Misael.
Ainda segundo o relato da testemunha, Anderson do Carmo acreditava que o plano estava sendo arquitetado por Marzy Teixeira da Silva, outra das filhas afetivas de Flordelis e ré no julgamento iniciado ontem (7). Contudo, sua esposa alertou que a mulher não teria condições financeiras de contratar um matador, afirmando que outra pessoa deveria estar à frente do plano.
"Ele tava pensando que só a Marzy estava envolvida nisso. Aí minha mulher falou: 'Pastor, a Marzy não tem esse dinheiro para fazer isso, não'".
Anderson confidenciou ainda que já havia contado a Flordelis do plano para matá-lo, mas que a reação da pastora foi apática. "Já falei, mas ela fica quieta, não fala nada", desabafou.
Misael é a quinta testemunha a ser ouvida pelos jurados no julgamento. Ele é ouvido por videoconferência.
De acordo com o advogado Rodrigo Faucs, um dos responsáveis pela defesa de Flordelis, a ex-deputada passou mal durante o julgamento e precisou ser medicada. Segundo ele, ela sentiu mal-estar, formigamento no braço e dor nas costas, entre outros sintomas.
Quem já foi ouvido no julgamento? Ontem, foram ouvidos os delegados Bárbara Lomba e Allan Duarte —responsáveis pela investigação do homicídio— e a comerciante Regiane Ramos Cupti Rabello, que empregou e cuidou de Lucas, um dos filhos de Flordelis envolvidos no crime.
Hoje, falou primeiro o policial civil Tiago Vaz de Souza. Em seguida, foi iniciado o depoimento de Alexsander Felipe Matos Mendes, o Luan, filho afetivo de Flordelis.
Por que Misael é ouvido por videoconferência? Segundo ele, "questões emocionais" impedem que ele deponha na presença de Flordelis e dos demais familiares. Durante o depoimento, a ex-deputada deixou a sala de audiência. Até as 18h50, ainda não havia retornado.
Trama sobre bebê. Misael contou ainda que Flordelis decidiu tomar um filho de outra de suas filhas afetivas —Vânia da Conceição— e entregá-lo à sua filha biológica, Simone dos Santos Rodrigues, para criar o menino, batizado como Moisés, como filho.
"Minha mãe tirou o Moisés da mãe e deu para a Simone criar como filho. A Vânia já tinha a Clarinha, a primeira filha dela, e a Vânia acabou engravidando novamente do Moisés. E até então ninguém sabia que ela estava grávida. E aí faltando um mês, não lembrou muito bem, da gestação do bebê, todo mundo fica sabendo. E minha mãe fica muito chateada. Aí fala: 'Quando você tiver esse bebê eu vou pegar esse bebê porque você não tem condições de criar'".
O que está em julgamento?
Começou ontem o julgamento de Flordelis pela acusação de ter arquitetado o assassinato de seu marido Anderson do Carmo, morto em 16 de junho de 2019, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Outras quatro pessoas acusadas de envolvimento no crime também são julgadas. Ela terá seu destino decidido por um júri popular.
Além de Flordelis, são julgados sua filha biológica Simone dos Santos Rodrigues; a neta Rayane dos Santos Oliveira; e os filhos afetivos André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva.
O pastor Anderson do Carmo foi assassinado com dezenas de tiros quando descia do carro, no quintal de casa, no bairro de Pendotiba, em Niterói. Flordelis tinha entrado em casa momentos antes.
A ex-deputada --cassada em razão do envolvimento no caso-- é ré por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, associação criminosa, uso de documento falso e falsidade ideológica.
Já Marzy, Simone e André Luiz responderão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada; e Rayane, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.
Cassação e prisão. Flordelis está presa desde 13 de agosto de 2021. Dois dias antes, Flordelis havia perdido o foro privilegiado ao ter o mandato de deputada federal cassado por 437 favoráveis, 7 contrários e 12 abstenções.
O que diz Flordelis? Durante todo o processo, Flordelis negou ter qualquer ligação com a morte do marido. Em live realizada por ela horas antes de ser presa, a pastora e ex-deputada reafirmou sua inocência: "Caso eu saia daqui hoje, saio de cabeça erguida porque sei que sou inocente. Todos saberão que sou inocente, a minha inocência será provada e vou continuar lutando para garantir a minha liberdade, a liberdade dos meus filhos e da minha família, que está sendo injustiçada".
Os demais acusados também dizem que são inocentes.
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