SP: Cemitério fecha durante jogo do Brasil e família perde enterro de idosa
Um cemitério em Praia Grande, no litoral de São Paulo, adiou o sepultamento de uma idosa em cima da hora devido ao jogo da Seleção Brasileira pelas oitavas de final da Copa do Mundo, na segunda-feira (5). A cerimônia de despedida de Amélia Argentino Ribeiro estava marcada para o mesmo dia e horário do jogo, 16h. No entanto, a funerária responsável informou que a cerimônia havia mudado para as 9h do dia seguinte — o que gerou problemas para parte da família que se deslocava de outras cidades para a despedida.
Amélia morreu no domingo (4), vítima de um infarto agudo no miocárdio. Segundo a neta, a jornalista Aline Porfírio Ribeiro, que mora na capital paulista, a família fez todos os preparativos necessários com antecedência para que o sepultamento ocorresse normalmente.
"Avisamos todos os familiares, nos programamos, e, por volta das 7h30 [de segunda-feira], a funerária entrou em contato avisando que era necessário fazer umas mudanças", contou ao UOL.
A primeira alteração seria a do velório. A cerimônia que iria ocorrer dentro do cemitério foi alterada para uma sala especial da empresa de assistência funerária. A segunda foi a do horário: o sepultamento havia sido postergado para 9h do dia seguinte. "A alegação que a funerária deu foi a de que o cemitério fecharia por causa do jogo do Brasil na Copa do Mundo", explicou Aline.
Os sobrinhos dela vieram do interior, de Lençóis Paulistas [cerca de 357 km de Praia Grande]. Eles viajaram cinco horas na estrada e quando chegaram aqui, ficaram sabendo que não teria enterro.
Aline conta que as mudanças foram informadas quando os demais familiares já estavam a caminho de Praia Grande. "A gente se sentiu muito desprezado, desrespeitado", disse ela. "Foi muito difícil explicar para as pessoas mais velhas da família que ela ficaria ali numa sala até a manhã do dia seguinte."
Ela ainda informou que a Prefeitura e a funerária entraram em contato com ela, mas não souberam explicar de onde partiu a decisão de fechar temporariamente o cemitério. "De acordo com uma das visitantes, o portão estava fechado antes das 16h. O horário correto seria 17h", disse ela.
No dia seguinte o sepultamento ocorreu com alguns minutos de atraso. Segundo a neta, a Prefeitura disponibilizou 20 minutos a mais de velório para a família.
"Eles acharam que iriam nos beneficiar, como compensação. Mas isso não compensou nada do que aconteceu. Somente quatro ou cinco pessoas conseguiram ficar para se despedir dela. Eu fiquei arrasada porque eu não pude voltar. Toda a minha família do interior não pode voltar."
Aline diz que já está conversando com advogados para levar o caso adiante. "Ela morreu com 94 anos e não merecia ter um sepultamento assim", disse ela. "Todos nós amamos a Copa do Mundo. Eu adoro, todo brasileiro tem o direito de torcer pela sua seleção, mas eu acho que tem serviços essenciais. É muito triste ver que o cemitério não é um, para a Prefeitura de Praia Grande."
Em nota enviada ao UOL, a Prefeitura informou que, juntamente com a empresa concessionária de prestação de serviços funerários na cidade, está procurando agendar previamente os serviços de velório e sepultamento fora do período de jogos do Brasil durante a Copa do Mundo, "para possibilitar maior presença dos familiares e amigos durante as cerimônias".
O Município ainda informou que "os horários ficam acertados com a família com o máximo de antecedência possível".
No caso específico de Amélia, a Prefeitura alegou que um funcionário da empresa concessionária "acabou se equivocando e cancelando um serviço que já estava agendado".
"A empresa já se retratou com a família concedendo a realização do velório nas dependências da empresa em dois momentos: nesta segunda-feira (5), assim como também nesta terça-feira (6)", finaliza a nota.
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