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Como máquina de água com gás fez mala explodir em aeroporto de SP

Colaboração para o UOL

13/12/2022 08h05Atualizada em 13/12/2022 11h45

A explosão de uma mala no saguão do Terminal 1 do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, pode ter ocorrido porque o passageiro carregava dentro dela uma máquina de gaseificar água, que se utiliza de cilindros de CO2 (dióxido de carbono) sob pressurização. Assim como esse aparelho, muitos objetos de uso doméstico que parecem inofensivos podem se tornar perigosos num avião.

O perito químico Guilherme de Lima e Silva, do escritório Sewell Perícias Criminais, explicou ao UOL que esse tipo de cilindro, próprio para armazenagem de CO2, não deveria explodir em condições normais. Mas isso pode acontecer quando há uma variação gritante entre temperatura e pressão, exatamente como ocorre em pousos e decolagens.

"Em solo firme, a pressão atmosférica, ao nível do mar, é sempre 1 ATM (atmosfera), e, quanto maior a altitude, menor será o módulo de pressão. A mesma coisa ocorre com a temperatura, quanto maior a altitude, menor será a temperatura", explica o especialista.

Um vídeo publicado nas redes sociais mostra o momento em que a mala do passageiro explode no saguão do aeroporto, assustando quem estava no local. Parte do teto ficou danificada.

"Se essa explosão tivesse ocorrido com o avião no ar, provavelmente os passageiros sentiriam a explosão e o compartimento interno do bagageiro do avião seria danificado. Já dentro do avião existe um sistema de pressurização, então o risco de um material expansivo explodir é quase zero, exceto se houver uma falha na pressurização", explicou.

Outros riscos

Por essa razão, muitos objetos que usamos em casa, no cotidiano, jamais poderiam ser incluídos na bagagem despachada, pelo risco de explosão no bagageiro. Na opinião do perito, entre os objetos mais perigosos de se colocar na mala despachada (e que, por isso mesmo, são proibidos), estão os produtos em spray.

"Como o desodorante em spray, pela intensidade de pressão que vem de dentro para fora do objeto. Tinta e qualquer outro produto em spray também podem parecer inofensivos, mas se aplicarmos uma intensidade de força e pressão, pode ser um perigo, ainda mais se levarmos em conta que são objetos com conteúdo inflamável", alerta o especialista. Tubos de espuma expansiva, lubrificantes, purificadores de ar. Se estiver sujeito a pressão, o objeto é um risco".

"No calor tudo tende a expandir, e no frio tudo tende a contrair, isso acontece até no nosso corpo, e esses objetos não são diferentes. Com as altas temperaturas que estamos enfrentando em São Paulo, por exemplo, esses tipos de objetos tendem se a expandir, e quando o avião decola, há uma diferença gritante na temperatura, podendo ocasionar uma explosão", explica.

Pilhas e eletrônicos

Utilizando o mesmo raciocínio, pilhas e baterias de lítio, dessas que usamos em diversos aparelhos em casa, também jamais poderiam ser guardas nas malas despachadas. O mesmo vale para produtos eletrônicos, como tablets, notebooks e celulares. Esses devem estar sempre na bagagem de mão.

Isqueiros comuns também são proibidos nas malas despachadas, pelo risco de explosão e também por conter material inflamável (combustível). O passageiro pode levar apenas um consigo, de preferência no bolso. Cigarros eletrônicos também não podem ser colocados na mala despachada.

Por essa razão, antes de viajar, é sempre recomendado conferir com a companhia aérea o que pode e o que não pode ser levado numa viagem. Seja na mala despachada ou na mala de mão.