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Homem negro tira calça para provar que não furtou carne e processa mercado

Do UOL, no Rio

09/01/2023 04h00

Alex Silva Pereira Faria, 33, foi abordado na saída do supermercado Guanabara da Penha, zona norte do Rio, no dia 31 de dezembro.

Ele pagou R$ 366,87 em quatro peças de picanha para um churrasco com amigos, mas os seguranças do mercado o revistaram e ordenaram: "Bota para fora o que você roubou".

O mototaxista apresentou a nota fiscal, mas isso não impediu ação dos seguranças. Para cessar o constrangimento, abaixou as calças —além do jeans, ele usava uma de proteção para andar de moto.

Arriei as calças porque ele [o segurança] estava querendo me apalpar todinho, dizendo que eu roubei. Mas eu paguei tudo e dizia: 'Vim comprar, estou trabalhando'."
Alex Silva Pereira Faria

Pai de dois filhos, de nove e três anos, Alex conta que faz compras no supermercado há mais de dez anos.

Eu sempre faço minha comprinha lá para sustentar minha família e nunca fizeram isso comigo. Não tenho ideia do que aconteceu."

O mototaxista processa o supermercado e pede R$ 100 mil em danos morais, além de retratação nas redes sociais do supermercado.

No processo, os advogados dele apontam "racismo, vexame e humilhação" na ação dos seguranças.

[Alex] experimentou o amargo sabor de ter a sua imagem vinculada erroneamente a um 'ladrão' e de ter sido submetido a uma revista evidentemente desproporcional e abusiva.'
Trecho da ação contra o supermercado

O Guanabara disse ter demitido o funcionário envolvido no caso. Em nota, a rede diz que "não tolera nenhuma forma de discriminação" e sai em defesa dos funcionários.

Afirma que, "em nenhum momento os funcionários solicitaram que o cliente tirasse a calça ou fizeram revista íntima" e que "a abordagem teve como objetivo fazer a conferência dos produtos com a nota fiscal emitida pelo caixa".

A empresa acusa o cliente de ter pedido para gravar a "para que ele posteriormente processe a rede".

"Em seguida, afirma que vai tirar a roupa, por iniciativa própria. No entanto, o funcionário não tentou impedir este comportamento, e, por isso, foi desligado da empresa", diz. "A empresa continuará com o ciclo de treinamento, que já ocorre a cada bimestre, junto aos funcionários", conclui.