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Socorrista que diz ter resgatado 150 pessoas abriga 7 turistas em casa

Socorristas participam de resgate de pessoas em Boiçucanga (São Sebastião) - Arquivo pessoal
Socorristas participam de resgate de pessoas em Boiçucanga (São Sebastião) Imagem: Arquivo pessoal

Paula Maria Prado

Colaboração para o UOL, em São José dos Campos (SP)

21/02/2023 11h13

Sete turistas de Araraquara estão abrigados na casa do socorrista José Carlos dos Santos, 46, funcionário da Secretaria de Serviços Públicos de São Sebastião (SP).

São moradores de Araraquara e estavam em um condomínio onde 60 pessoas foram resgatadas na cidade.

Vieram passar o Carnaval aqui, estavam na pousada. Ficaram sem saber o que fazer, então eu e minha esposa resolvemos abrigá-los em casa"

Santos diz que passaram por suas mãos cerca de 150 pessoas de domingo para segunda -60 delas estavam nesse condomínio.

"Conheço bem a geografia da cidade. Então, quando a água começou a subir, deixando aquelas pessoas ilhadas, com um bote, iniciamos os resgates para levá-las a lugares mais altos", diz.

Santos conhecia duas das vítimas fatais: a primeira, Fabiana de Freitas Sá, 40, primeira morte registrada na cidade em decorrência das fortes chuvas. Ela foi coordenadora do Programa Criança Feliz, projeto do Governo Federal e residia no bairro de Boiçucanga.

Outro é um colega de secretaria, de apelido Madeirada. "Jogávamos futebol juntos, nos apoiávamos nas ações da prefeitura. E, ontem, soube que ele morreu."

A irmã de Santos, Valéria Alves do Santos, 52, teve a casa invadida pela água um dia depois de se mudar pra Boiçucanga. "Ela está muito triste, perdeu tudo. Mas está viva e em segurança, que é o que importa", diz.

O litoral norte de São Paulo tem, até o momento, 44 óbitos confirmados, sendo 39 em São Sebastião e um em Ubatuba. Sete corpos já foram identificados: são dois homens adultos, duas mulheres adultas e três crianças.

De acordo com o governo paulista, são 1.730 desalojados e 766 desabrigados em todo estado — 1.244 pessoas nessas condições apenas em São Sebastião.

Estima-se que ao menos 40 pessoas ainda estejam desaparecidas.