'Minha filha está em choque', diz pai confundido com estuprador e espancado
Um homem espancado por três pessoas na última segunda-feira ao ser confundido com um estuprador enquanto acompanhava à distância a filha na volta de uma escola em Botucatu (SP) disse que a garota ficou traumatizada ao vê-lo ensanguentado.
O que ele disse
O assistente jurídico Paulo Vitor Papa, 37, disse que precisou acalmar a filha após ser agredido por três funcionários da escola. "Ela me viu com a camisa ensanguentada e precisou falar com uma psicóloga para se acalmar. Minha filha está em estado de choque", disse ao UOL.
A menina de 13 anos estava voltando com uma amiga no primeiro dia de aula do curso de Robótica no Sesi-SP. Como era a primeira vez que seguiria para casa sem os responsáveis, Paulo Vitor combinou com a mãe dela que a acompanharia à distância sem que ela soubesse.
O pai enviou vídeos e áudios para a mãe, enquanto acompanhava a volta para a casa da menina. "Depois você mostra tudo isso para ela. Ela pensando que está andando sozinha? Ela nunca estará sozinha", disse Paulo Vitor em um dos áudios. "Realmente, ela é desligada, né? Porque eu falei pra ela: 'se alguém tiver te seguindo, você me liga'. Ela nem percebeu que você está seguindo ela", respondeu a mãe.
"Ela queria voltar para casa sozinha e nós sempre negamos. Aí, de tanto que ela insistiu, a gente combinou que eu iria atrás, da saída do Sesi até a casa dela", contou o pai.
O pai da garota disse que viu pessoas em um carro parando para falar com as meninas. "Um carro branco parou para conversar com elas... Agora eu vou ter que chegar perto", disse em áudio para a mãe da garota. Em seguida, contou ter sido abordado por esses mesmos homens, ser questionado por que estava seguindo as meninas e ter respondido que era pai de uma delas.
Aí, os homens desse carro voltaram a abordar a minha filha, perguntando se eu era pai dela. Como ela não me viu, ela disse que não e saiu correndo. Nisso, o diretor do Sesi encostou o carro na minha frente e disse: 'pega ele'. Três homens começaram a me agredir com socos e chutes. Aí, saí correndo até uma outra escola
Liguei para a polícia e para a mãe da minha filha. Mas eles me seguiram e me agrediram novamente. Eles só pararam e foram embora quando a minha filha chegou e disse que eu era pai dela. Estou com hematomas nos pés, joelhos e dores pelo corpo. Não merecia ter passado pelo que passei
Paulo Vitor Papa
O que se sabe sobre o caso
Em depoimento, o pai da menina disse ter sido chamado de "malandro", "mentiroso" e "estuprador". Os agressores saíram do local antes da chegada da polícia.
A Polícia Civil aguarda o resultado do exame do IML no pai agredido para definir se o caso será tratado como lesão corporal grave ou leve. Por enquanto, apenas o diretor do Sesi-SP foi identificado.
A investigação agora tenta identificar os três agressores para que eles prestem depoimento na delegacia. Policiais estão atrás de câmeras de segurança que possam ter registrado as agressões.
Em nota, o Sesi-SP disse que o próprio diretor da instituição chamou a polícia, versão contestada pela vítima. Além disso, o órgão disse que "aguarda a apuração do que efetivamente ocorreu pelas autoridades competentes".
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