'Queria matar Moraes': o que disse a ex-mulher do autor de explosões à PF

A ex-mulher de Francisco Wanderley Luiz, autor das explosões na praça dos Três Poderes, afirmou à Polícia Federal na última quinta-feira (14) que o plano dele era matar o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Neste domingo (17), ela teria ateado fogo em si mesma e na casa onde os dois moravam, em Rio do Sul (SC).

O que aconteceu

Daiane Dias, 41, deu a declaração para agentes de Santa Catarina na última quinta. Ela e outros familiares de Francisco Wanderley Luiz foram localizados por agentes da PF. Ela disse que o principal alvo era o ministro Alexandre de Moraes e "quem mais estivesse junto". "Ele falou que mataria ele e se mataria", disse.

Wanderley Luiz compartilhava os planos e ameaças em grupo. A ex-mulher disse que o autor das explosões em Brasília planejava o ataque desde a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro e fazia buscas no Google para viabilizar o atentado. Ela, no entanto, nega a participação do autor de explosões nos ataques anteriores aos prédios dos Três Poderes.

Matar Moares era uma obsessão. Questionada pelo agente se matar o ministro era uma obsessão do ex-marido, ela responde que sim. "[Obsessão] Dele. Tanto que ele me deixou quase louca. Todo mundo na rua [dizia] 'você vai ficar louca'. Ele só falava de política, política e política."

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'Vai mesmo fazer esse tipo de loucura?'

Ex-mulher disse que tinha acesso aos emails de Luiz e, por isso, acompanhava seus passos pela internet. "Como o nosso e-mail era o mesmo, qualquer coisa que ele fazia eu sabia. Então, sabia onde ele estava", afirmou. "Acusava o que ele tinha pesquisado, sabe?"

Tinha pesquisa no Google sobre isso ali [matar Moraes]. Aí eu mandei pra ele :'Tu vai mesmo fazer esse tipo de loucura?' Ele disse que não. Aí eu printei e mandei pra ele e perguntei: 'Como que não?' Por que tu ta pesquisando esse tipo de coisa?

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A primeira vez que ele foi pra Brasília, isso há um ano e pouco, foi no ano que o Lula entrou. Ele ficou dois meses lá e voltou e ficou aqui e faz três meses agora que ele foi pra lá de novo. Três pra quatro meses.
Ex-mulher de Francisco Wanderley Luiz

Mulher está hospitalizada em SC

Incêndio destrói casa. A ex-esposa de Francisco Wanderley Luiz, 59, autor das explosões em Brasília teria ateado fogo em si mesma e na casa onde os dois moraram em Rio do Sul (SC).

Daiane teve queimaduras de 1º, 2º e 3º graus, segundo o Corpo de Bombeiros. Militares foram acionados por volta das 7h deste domingo (17) para a ocorrência na casa de 50 metros quadrados na rua Barão do Rio Branco, no bairro Budag.

Hospitalizada em estado grave. A mulher foi retirada da residência por pessoas que passavam no local e depois "foi atendida, estabilizada e conduzida ao pronto-socorro" do hospital regional, informaram os bombeiros. O UOL tenta contato com a unidade de saúde para atualizações sobre o estado de saúde de Daiane.

A Polícia Civil ainda investiga a autoria e as responsabilidades do incêndio. A principal hipótese é a de tentativa de suicídio por parte de Daiane. "Segundo o que foi até então apurado, a ofendida, de 41 anos, adquiriu produto inflamável no amanhecer de hoje em um estabelecimento comercial da cidade, em seguida se deslocou até sua residência, local dos fatos, e provocou o incêndio tendo permanecido no interior do imóvel", explicou o delegado Bruno Reis, responsável pela investigação.

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A investigação sobre o ataque em Brasília

PF investiga se foi terrorismo. De acordo com o diretor da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, o caso será apurado como ato terrorista e ataque ao Estado Democrático de Direito. A PF vê sinais de "planejamento de longo prazo" e possíveis "conexões" com o 8 de janeiro.

Material de campanha de Francisco Wanderley Luiz, também conhecido como Tiu França do Facebook; ele é o dono de carro que explodiu na Praça dos Três Poderes
Material de campanha de Francisco Wanderley Luiz, também conhecido como Tiu França do Facebook; ele é o dono de carro que explodiu na Praça dos Três Poderes Imagem: Reprodução/Tiü França no Facebook

Amigos dizem que ele se radicalizou. Pessoas ouvidas pelo UOL contaram que Luiz, que era filiado ao PL, mudou de comportamento e aparentava "sérios problemas mentais" depois de um divórcio.

Autor de explosões atuava como chaveiro. A empresa de Luiz, a MP Mercado Popular, foi aberta em outubro de 2019. Tem como principal atuação o comércio a varejo de automóveis, camionetas e utilitários usados, conforme o sistema Redesim, que reúne dados da Receita Federal. Porém, como atividades secundárias, constavam os serviços de chaveiro, bar, discoteca e comércio de peças e acessórios novos para veículos.

Divorciado e pai de dois filhos. Relatos de amigos demonstram que ele viveu uma espécie de metamorfose. O deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC), também de Rio do Sul, disse que Luiz aparentava "sérios problemas mentais" depois de um divórcio.

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