Veneno de baiacu e apelido: o que se sabe sobre homem que diz ter matado 9
Renato Teixeira da Silva, um garoto de programa de 35 anos, foi preso na última quarta-feira (5) em uma casa em Franco da Rocha (SP). Em depoimento, ele confirmou ter ateado fogo na casa da ex-namorada, na zona norte de São Paulo. O imóvel estava vazio na hora do crime.
A ex de Silva foi até a polícia para denunciar o caso e o identificou como o homem indiciado por três assassinados a facadas. Em depoimento, o garoto de programa afirmou ter matado outras seis pessoas nos últimos 15 anos, mas os casos ainda estão sendo investigados. Segundo a polícia, Silva chegou a dizer, informalmente, que matou 14 pessoas.
Veja o que se sabe sobre os crimes:
Quem é Renato Teixeira da Silva
O garoto de programa se identificava como "Bruno" em aplicativos e sites de relacionamento. Ele cobrava até R$ 300 por programa e alugava imóveis por períodos curtos, com base em acordos verbais.
Silva foi condenado por envolvimento em dois roubos, que ocorreram em 2009 e 2011. Beneficiado por uma saída temporária da penitenciária de Balbinos (SP), ele rompeu a tornozeleira eletrônica em setembro de 2021. Desde então, era considerado foragido pela polícia.
O garoto de programa "narrou crimes com frieza" em seu depoimento, sem demonstrar qualquer arrependimento, segundo o delegado Roberto Krasovic, do 6.º DP de São Bernardo do Campo.
"Matar é uma coisa normal para mim", afirmou o garoto de programa à polícia, segundo o delegado. Ele teria dito, ainda, que matava sempre que contrariado.
Os crimes teriam começado quando ele tinha 19 anos. Os últimos foram a facadas, mas os primeiros teriam sido realizados usando veneno extraído do peixe baiacu.
Segundo a polícia, Silva ainda não tem advogado de defesa constituído. Ele teve a prisão convertida em preventiva após audiência de custódia. A polícia também apreendeu uma motocicleta furtada, um celular e entorpecentes na casa em que o homem foi preso.
O que disse o pai de Renato?
Pai do garoto de programa, o comerciante Reinaldo José Teixeira, 58, diz que o filho saiu da prisão ainda mais revoltado. Renato tem dois irmãos, já trabalhou como segurança e ajudava o pai em uma oficina de funilaria e pintura em Pirituba.
Reinaldo diz que o filho lia a Bíblia e escrevia cartas semanais para a família quando estava preso. Mas a experiência atrás das grades serviu como uma espécie de gatilho para agravar os problemas emocionais que ele já tinha, diz o pai.
Ele [Renato] sempre foi problemático, nervoso e não podia ser contrariado. A gente até parava de discutir, porque ele se transformava. Mas a cadeia virou a cabeça dele. Eu conversava, pedindo para ele mudar. Não adiantava. Os outros detentos debochavam e ele se irritava fácil, porque se sentia menosprezado. Ele saiu mais revoltado da cadeia."
Quem são as três vítimas
- Silva é apontado pela polícia como autor de três mortes: a de Iraildes Sousa Silva, de 49 anos; a de José Roberto Campanaro, de 59 anos; e a de Mário Marchiani, de 60 anos.
- Iraildes era namorada de Silva. Ela foi morta com pelo menos 15 facadas em novembro de 2021 --apenas dois meses depois de o garoto de programa romper a tornozeleira eletrônica. Na época, ele fugiu e usou um perfil nas redes sociais para confessar o crime.
- José Roberto Campanaro foi encontrado morto na cama de sua própria casa, em Santo André, na Grande São Paulo. Ele usava apenas uma cueca e uma camiseta. O crime ocorreu em julho de 2022.
- Mário Marchiani também foi morto com mais de 15 facadas, dessa vez em um imóvel no qual Silva costumava levar clientes. O garoto de programa afirmou que cometeu o assassinato porque a vítima teria dito que consumiria entorpecentes.
Como a polícia desvendou os assassinatos
- Em dezembro de 2022, Silva enviou uma mensagem no WhatsApp da proprietária do imóvel de 40 metros quadrados que ele alugava, em São Bernardo do Campo, para fazer programas. No recado, ele pedia que ela não se assustasse quando entrasse no local, já que encontraria o corpo de um homem. Em um telefonema, ele teria afirmado que matou Mário Marchiani.
- A polícia, então, encontrou o corpo de Marchiani em avançado estado de composição. A vítima, que era considerada desaparecida, só foi identificada porque tinha uma tatuagem de um beija-flor azul no ombro.
- Imagens de câmeras de segurança ajudaram a identificar Renato Teixeira da Silva.
- Após matar Marchiani, Silva levou o carro, o celular e o notebook da vítima. A polícia afirma que ele chegou a usar a digital de Marchiani para desbloquear seu telefone e fazer transferências bancárias.
- A mulher com quem ele se relacionou, que teve a casa incendiada, só soube seu verdadeiro nome depois de um desentendimento. Ele estava morando na casa dela, na zona norte de São Paulo. Após procurar a polícia, ela começou a ser ameaçada de morte pelo garoto de programa.
* Com informações de reportagens de Herculano Barreto Filho, publicadas nos dias 6 e 7 de julho.
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