Idosa de 99 anos que agarrou parreiral por 8h morre 7 dias após a enchente

A mulher de 99 anos que ficou agarrada a uma parreira por mais de 8 horas à espera de socorro durante a enchente em Roca Sales (RS) morreu ontem à tarde, no Hospital São Camilo, em Encantado, cidade vizinha. Segundo um dos netos, Elma Clara de Souza teve falência dos rins e não houve condições hábeis para um transplante.

O que aconteceu

A aposentada foi uma das sobreviventes da maior tragédia natural registrada oficialmente Rio Grande do Sul. A casa dela foi tomada pela água e lama do rio Taquari que subiu cerca de 13 m. Com a ajuda de uma cuidadora, elas foram boiando até um parreiral, que ficava perto da residência. Juntas ficaram mais de 8h à espera de um resgate de helicóptero.

Elma ficou internada quatro dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), até ser transferida para um quarto na segunda-feira (11). Segundo o neto Rogério Pretto, ela se recuperava bem, mas nos últimos dias os rins começaram a falhar.

Ainda não se sabe se há relação direta com a hipotermia que sofreu durante o tempo que ela ficou submersa.

"Ela estava se recuperando aos poucos. Não tinha previsão de alta para casa e, infelizmente hoje (quinta), às 17h, ela faleceu. Os médicos disseram que foi insuficiência renal. Ela veio decaindo. Vamos enterrá-la em Roca Sales", contou ao UOL o neto.

A idosa chegou a dizer que, enquanto aguardava o resgate, cantava uma música pedindo socorro. "Fiquei rezando, cantamos eu e a minha cuidadora: 'Mãezinha do céu, nos ajuda'", disse ela, à filiada da Globo RBS.

A morte da idosa gerou comoção, pois muitos acreditavam em sua recuperação. Um produtor de conteúdo visual de Passo Fundo (RS), chegou a fazer uma arte em homenagem à aposentada numa rede social.

Ele demonstrou tristeza pela perda: "Ela foi resgatada, foi hospitalizada, e o paraíso lhe convidou para a eternidade", publicou Raní de Souza.

O velório de Elma acontece na Câmara Municipal de Roca Sales e o enterro será no cemitério da cidade.