Conteúdo publicado há 6 meses

'Vi fascismo no olho', diz professor que deixou debate na PUC sobre o Hamas

Após abandonar um debate sobre a guerra entre Israel e o Hamas com alunos no Instituto de Relações Internacionais da PUC do Rio ontem, o professor de sociologia da UFRJ Michel Gherman disse hoje que o episódio não estava ligado à discussão sobre o conflito.

O Instituto da PUC-Rio citou "agressões" ocorridas no encontro e repudiou "tentativas de impedir qualquer debate acadêmico". Imagens do evento mostram a dificuldade de estabelecer um diálogo entre alunos e professores. Para o professor, a hostilidade sofrida na ocasião foi fruto do clima de polarização política do Brasil, tanto que afirmou "ver o fascismo no olho" dos alunos que o confrontaram.

Ontem, vi o fascismo no olho. Um dos elementos fundamentais é entender que a extrema-direita produz a perda da empatia, que o outro precisa ser destruído, acabado, calado. Quando percebi que não havia empatia pelo que estava falando, entendi que estava falando com o fascismo. Nesse sentido, minha função como pesquisador é pensar como o fascismo afeta a vida dos nossos jovens e evitar que o que aconteceu na PUC se estenda a mais lugares. Michel Gherman, professor de sociologia da UFRJ

Gherman afirmou, em participação no UOL News, que nunca havia passado por algo parecido antes em sua carreira acadêmica, mesmo abordando questões sensíveis. Judeu, o professor ressaltou que sofreu perdas pessoais provocadas pelo ataque do Hamas. Ele frisou que recrimina a ação do grupo extremista, que considerou como uma "barbárie e um desserviço à causa palestina".

O que aconteceu ontem não teve nada a ver com debate, mas sim com uma posição ideológica que veio a priori e que estabeleceu um vínculo profundo com uma censura determinada pela posição política dessas pessoas e pelo que eles acham ser a minha. Falamos de algo típico da extrema-direita, com o objetivo de interromper o que estava sendo dito, mesmo sendo algo consonante ao que eles desejariam que fosse dito. Michel Gherman, professor de sociologia da UFRJ

Análise: Ação do Hezbollah divide atenção de Israel e pode favorecer Hamas

A tática do Hezbollah de promover ataques perto da fronteira com o Líbano tem a intenção de dividir a atenção de Israel e pode favorecer a ação do grupo extremista Hamas. A análise é da professora de Relações Internacionais Karina Stange Calandrin. Após a morte de brasileiros em meio à guerra, Lula deveria mudar seu discurso e adotar um tom mais duro, na opinião dela.

O Hezbollah começou a fazer ataques a partir da fronteira de Israel com o Líbano. Não sabemos a extensão da participação deles no conflito, mas é uma forma de distração. O foco é no sul, próximo a Gaza, e isso divide a atenção das forças armadas de Israel e pode fortalecer o Hamas em seus ataques e em sua retaliação. Karina Stange Calandrin, professora de Relações Internacionais

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Brasileiro na Palestina: Israel quer que palestinos sumam da própria terra

Morador da cidade de Ramallah, na Cisjordânia, o brasileiro Mustafa Mohamad acusou Israel de querer que o povo palestino deixe sua própria terra. O advogado também condenou o cerco israelense à Faixa de Gaza e disse haver uma solução "simples" para que haja paz na região: Israel devolver aos palestinos parte dos territórios que invadiu.

Israel matou 200 palestinos civis somente neste ano. Que culpa o Hamas teve ali? Israel está querendo fazer com que o povo palestino desapareça de suas terras. Isso não vai acontecer. Israel pode matar os quatro milhões de palestinos que vivem aqui. Virão mais quatro milhões para defender essa terra. Se você cerca Gaza e proíbe a população de ir e vir e não se entra nada, um dia isso vai explodir. Mustafa Mohamad, advogado

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Veja a íntegra do programa:

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Quando: de segunda a sexta, às 8h, às 12h e 18h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do publicado anteriormente Michel Gherman é professor de sociologia da UFRJ e não da PUC-RJ. A informação foi corrigida.

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