Prefeitos da Grande SP usam CPI de palanque: 'Tem de ir pra cima da Enel'

Prefeitos cujas cidades são atendidas pela Enel no Estado de São Paulo usaram audiência de hoje da CPI da Enel como palanque para se eximirem de responsabilidade e chegaram a questionar o presidente da distribuidora em São Paulo, Max Xavier Lins, antes dos deputados.

O que aconteceu

Com voz alterada e impaciência, os prefeitos que tomaram a palavra disseram que vêm sendo pressionados pela população. Eles disseram que receberam mensagens no WhatsApp de consumidores e comerciantes mostrando o prejuízo e pedindo indenização.

Os prefeitos se irritaram com o principal argumento de Lins, que repetiu que os ventos que passaram de 100 km/h derrubaram muitas árvores no temporal do dia 3 que deixou 2,1 milhões sem luz. "As podas são de responsabilidade dos municípios", afirmou.

O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), foi o primeiro a falar. "A Enel é uma péssima empresa. A Enel é um lixo!", disse ele ao questionar Lins sobre a indenização aos consumidores.

Morando se irritou e pediu isonomia quando o presidente da Enel respondeu: "Se o senhor tiver qualquer caso objetivo, passa à nossa assessoria".

Prefeito da vizinha São Caetano do Sul, José Auricchio Júnior (PSDB) acusou "sucateamento dos equipamentos". "Parafraseando o governador Tarcísio de Freitas [Republicanos], foi feito um contrato frouxo, mal regulado e não fiscalizado", afirmou.

O prefeito Danilo Joan (PSD), de Cajamar, abriu mão de perguntar depois de ouvir "todo esse tipo de baboseira". "Uma empresa que não liga porque está sentada em cima de um contrato frouxo, uma regulamentação ultrapassada", afirmou.

"Está todo mundo cansado de ouvir a mesma merda", disse. "Está todo mundo de saco cheio. Nunca acontece nada", disse ele, ao afirmar que o contrato da Enel "acaba em pouco tempo". "Se não tomarmos uma atitude agora, o povo lá fora vai continuar sofrendo", afirmou.

Nem quero fazer pergunta porque ele responde a mesma coisa. Acabou a brincadeira, tem de ir pra cima da Enel.
Danilo Joan, prefeito de Cajamar

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A prefeita de Rio Grande da Serra, Maria da Penha Agazzi Fumagalli (PSB), começou sua participação dizendo fazer dela as palavras do colega de Cajamar. "É uma indignação de todos os presentes", afirmou. "Me desculpa, mas a Enel tem de ter responsabilidade e compromisso com os 24 municípios que atende."

Antes de passar a palavra aos deputados, o presidente da CPI, deputado Thiago Auricchio (PL), concordou com os prefeitos.

Em todas as apresenções [da Enel] está tudo perfeito e os incompetentes são os 24 prefeitos. A culpa é das árvores.
Thiago Auricchio, presidente da CPI

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), não esteve na Alesp. Mais cedo, a energia caiu durante a sessão da CPI da Enel.

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