Menina morta a cintadas pelo pai sofreu 'sessão de tortura', diz delegado

O delegado que investiga o caso da menina de oito anos morta a golpes de cinto, no Rio de Janeiro, disse que a criança foi sofreu uma "sessão de tortura" antes de morrer. O pai da garota foi preso suspeito de cometer o crime.

O que aconteceu:

O laudo do IML (Instituto Médico Legal) indicou a "sessão de tortura", declarou o delegado Willians Batista, ao Brasil Urgente (TV Bandeirantes). O delegado relatou que nunca visualizou tantas lesões no corpo de uma criança como neste caso, mesmo já tendo trabalhado em crimes com cenários parecidos.

O delegado disse que o corpo da menina estava "praticamente inteiro tomado de marcas", compatíveis com lesões feitas com um cinto. Esse objeto foi apreendido na casa do suspeito.

"O impacto das lesões desse cinto foi tão grande que parte do corpo dela chegou mesmo a lacerar, tirar parte da pele. Essas lesões não foram a causa da morte, apesar de caracterizarem tortura. Ele [o pai] foi autuado em flagrante por homicídio qualificado, inclusive, pela tortura. A causa da morte foi por uma lesão na coluna cervical dela", apontou.

A autópsia no corpo da criança também indicou que algumas dessas lesões foram feitas em períodos diferentes, o que indica, segundo o delegado, que a garota vinha sofrendo tortura há algum tempo.

"Não restam dúvidas sobre a autoria, sobre como o crime se deu, mas outras pessoas precisam ser ouvidas para entender o histórico e tudo que acontecia no entorno da criança", explicou o delegado, completando que seis pessoas já testemunharam até o momento.

Pai admitiu agressão, dizem testemunhas

Uma das testemunhas, um médico que atende a comunidade onde o suspeito morava, disse à polícia que o homem ligou para ele falando que a menina teria desmaiado. Então, o médico sugeriu que o pai ligasse para o Samu porque ele demoraria para chegar na residência. Apesar da indicação, o pai da menina não ligou. O socorro só foi chamado após esse médico chegar ao local e constatar a morte da criança.

Esse mesmo médico afirmou que o pai contou que uma professora declarou que a menina havia cometido um furto na escola e, por isso, ele teria aplicado um "corretivo" na criança. Para outra testemunha, o homem disse que agrediu "um pouco" a garota.

Continua após a publicidade

O suspeito não confessou o crime formalmente às autoridades. Ele foi autuado em flagrante por homicídio qualificado, pela prática de tortura e por se tratar de descendente dele.

O pai da criança já tinha passagem na polícia por lesão corporal contra a mãe da vítima. Em 2015, o homem teria agredido a mulher com tapas enquanto a filha, agora morta, estava no colo da genitora.

Gostaria de reforçar que o que a gente tem aqui não é uma lesão simples. O que a gente encontrou não é uma conduta de alguém que quisesse corrigir, embora já fosse errado corrigir dessa forma. O que a gente teve ali foi, de fato, uma sessão de tortura. O que o laudo do IML mostra é que o que nós tivemos ali foi uma sessão de tortura.
Delegado Willians Batista

Deixe seu comentário

Só para assinantes