Jovem cacique pataxó é morto em emboscada no sul da Bahia
Um cacique do povo pataxó Hã-Hã-Hãe foi assassinado a tiros em uma emboscada no sul da Bahia na última quinta-feira (21).
O que aconteceu
Lucas Kariri-Sapuyá foi morto após ser cercado por dois homens encapuzados em motos. O líder indígena de 31 anos estava com o filho na garupa de sua própria moto e voltava para Aldeia do Rio Pardo, dentro da Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu, no município de Pau Brasil.
Os autores do crime ainda não foram identificados. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) da Bahia informou que a 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior de Itabuna apura a motivação do crime na região conhecida pela tensão entre povos originários e posseiros.
Cacique era filiado à Rede e pretendia concorrer à Prefeitura de Pau Brasil em 2024. Em nota, a Rede Sustentabilidade chamou o episódio de "Mais um atentado contra liderança de direitos humanos e de povos e comunidades tradicionais na Bahia".
O Ministério dos Povos Indígenas e a Funai disseram acompanhar as investigações. A Funai disse, em nota, que o caso provoca indignação e destacou que a vítima dedicou sua vida à "incansável defesa de seu povo".
Indígenas cobram autoridades para que caso não seja "mais um" sem solução. "As nossas lideranças sempre foram alvos de morte, que a justiça e o Estado façam o seu papel, e que não sejam omissos diante desse caso e que também não seja mais um caso de muitos que vem acontecendo dentro do nosso e de tantos outros territórios indígenas", diz uma publicação do povo pataxó Hã-Hã-Hãe no Instagram.
Lucas era reconhecido como liderança na comunidade. O jovem integrava o Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia e também era agente de saúde do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) local. Nas redes sociais, o cacique foi descrito como alguém "aguerrido e corajoso", "mobilizador de esportes na comunidade" e "defensor da educação escolar indígena".
A Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu tem histórico de conflitos por terra com casos de repercussão. A estrada em que o cacique sofreu a emboscada também ficou conhecida por ser a morada do líder pataxó João Cravim, executado aos 29 anos em 16 de dezembro de 1988 enquanto fazia o mesmo trajeto de Lucas.
*Com informações da Agência Brasil
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