Família de entregador baleado no RJ diz ter sido intimidada por PMs
Do UOL, em São Paulo
06/03/2024 14h20Atualizada em 06/03/2024 17h10
Familiares do entregador baleado no Rio de Janeiro, na segunda-feira (4), afirmam que foram intimidados por policiais militares enquanto estavam no Hospital Salgado Filho. Nilton Ramon de Oliveira está internado em estado grave.
O que aconteceu
Luiz Carlos, cunhado do entregador, disse que a família precisa de uma medida protetiva. "Ontem estávamos na porta do Salgado Filho, e, enquanto minha esposa dava entrevista no hospital, tinha policiais gravando ela, tirando foto, zombando e rindo. Na minha concepção, policiais são pagos para proteger, não coagir, e ela se sentiu coagida", afirmou ao RJ1, da TV Globo.
Ele se reuniu nesta quarta-feira (6) com a Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). "Eu clamo por justiça. A gente não sabe o que pode acontecer. O policial cometeu uma tentativa de homicídio contra meu cunhado, não pode ficar impune", acrescentou Luiz Carlos.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar disse que não recebeu notificação sobre a suposta intimidação. "A SEPM [Secretaria de Estado de Polícia Militar] ressalta que a captação de imagens está entre as rotinas dos policiais em serviço nas ruas para fins diversos, como passar detalhes do cenário a instâncias superiores ou registrar movimentações atípicas".
O policial militar Roy Martins Cavalcanti alegou que agiu em legítima defesa. Ele atirou no entregador, que se recusou a subir até o apartamento para entregar o pedido. O caso ocorreu na segunda-feira (4).
Testemunha rebate justificativa sobre legítima defesa. Em entrevista ao programa Encontro, da TV Globo, Yuri Oliveira, que também trabalha no iFood e testemunhou a confusão, disse que não viu Nilton fazendo qualquer movimento para tentar pegar a arma de Roy.
Entenda o caso
O policial militar e a esposa dele fizeram um pedido de comida por aplicativo, que foi entregue por Nilton. Após a chegada da encomenda, o agente e a mulher teriam se recusado a descer para buscá-la, e o entregador informou que não iria subir até o apartamento deles porque não fazia parte de seu trabalho.
Como o PM não desceu, o entregador fez os trâmites de devolução do produto e retornou para o estabelecimento onde a compra foi feita, quando foi abordado pelo cliente, na praça Saiqui. Imagens feitas por Nilton mostram ele e Roy discutindo. O agente está armado e questiona por que o entregador está "com a mão na cintura". O jovem nega que esteja armado, levanta a camisa e fala: "Tô armado não, filho. Sou trabalhador".
Em seguida, o jovem diz estar sendo ameaçado pelo policial. "Ele está tentando me agredir. Mostrou a arma na minha cara. Tira a arma e faz na mão", falou o trabalhador.
O agente rebate o entregador e diz que ele teria sido mal-educado com sua esposa. "Trabalhador o caralh*. Minha mulher te tratou com maior educação, vai tomar no seu c*. Seja educado. Não se propõe a fazer entrega? Então seja educado. Minha mulher tem 42 anos e te respondeu na maior educação".
Posteriormente, é possível ver Nilton caído no chão, ensanguentado, baleado na perna.