Conteúdo publicado há 8 meses

Análise: PM que baleou entregador agiu com a confiança de que ficará impune

O policial militar que baleou um entregador por ter se recusado a buscar comida no Rio de Janeiro agiu com a confiança de que ficará impune, analisa a fundadora diretora do Instituto Fogo Cruzado, Cecília Olliveira, durante o UOL News desta terça-feira (5). O entregador, Nilson Ramos de Oliveira, está em estado grave.

Esse policial se apresentou na delegacia e disse que foi ameaçado, que respondeu a uma ameaça e foi uma legítima defesa. Isso não é verdade, o entregador não estava armado e nada disso foi levado em consideração. Cecília Olliveira, fundadora e diretora do Instituto Fogo Cruzado

O que a gente pode pensar é que o policial tem toda ali a confiança de que ele não será punido. A gente vai ter que dar razão para ele, ele tem que estar confiante mesmo, porque o que a gente viu é exatamente isso: ele não foi punido, saiu da delegacia tranquilamente. Cecília Olliveira, fundadora e diretora do Instituto Fogo Cruzado

O ato do PM não ter ido buscar a comida, mas ter saído de sua moradia para brigar e atirar no entregador mostra uma ideia de ira, aponta Cecília.

O policial militar não quis descer da sua casa para poder buscar o lanche lá embaixo, mas quando foi para poder atirar no entregador, ele foi atrás. A gente vê também que tem essa relação da provocação, da ira, de colocar a banca 'a mim você tem que entregar, tem que servir'. Tem todas essas variáveis para a gente analisar. Cecília Olliveira, fundadora e diretora do Instituto Fogo Cruzado

Dados do Instituto Fogo Cruzado mostram que 44 entregadores e motoboys foram baleados na região metropolitana do Rio nos últimos 8 anos, sendo que 36 deles morreram.

É uma situação para lá de absurda, porque a gente sabe que a função do entregador já é um trabalho realmente muito precarizado. Além de você ter todos esses problemas que são da alçada trabalhista, você tem esse problema crônico que é a violência, que tem atingido um entregador a cada dois meses nos últimos anos. Cecília Olliveira, fundadora e diretora do Instituto Fogo Cruzado

Esse número deveria ser inadmissível, deveria haver políticas que realmente tivessem um pouco a preservação da vida dos cidadãos. Aconteceu esse caso agora, mas a gente sabe que isso vem acontecendo com uma certa frequência em relação a briga em bar, briga de trânsito. Esse tipo de violência que é decorrente das relações sociais, e não deveria ser assim. Cecília Olliveira, fundadora e diretora do Instituto Fogo Cruzado

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