Número de mortes na Operação Verão no litoral de SP sobe para 56
Do UOL, em São Paulo
30/03/2024 17h48
Um homem de 22 anos morreu em confronto com a Polícia Militar na Vila Santa Rosa, no Guarujá, na tarde de sexta-feira (29). A informação foi divulgada pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo. Com isso, o número de mortes na Operação Verão no litoral de SP subiu para 56. O balanço é da SSP.
O que aconteceu
A polícia informou que suspeito estaria armado e com um rádio comunicador. Agentes realizavam operação de combate ao tráfico de drogas.
Ao perceber a aproximação da polícia, o suspeito tentou fugir e apontou a arma na direção dos agentes, que intervieram, segundo a SSP. Ele foi atingido e o óbito constatado no local por uma equipe do Samu. O nome do suspeito não foi divulgado.
Arma e drogas foram encontradas com o homem. De acordo com a SSP, foram apreendidos uma pistola .40, um rádio comunicador e 379 porções de drogas, incluindo maconha, cocaína, crack e haxixe, que estavam dentro de uma sacola.
Caso foi registrado na delegacia do Guarujá. Exames periciais foram solicitados e o caso registrado como tráfico de entorpecentes, posse ou porte ilegal de arma de fogo, morte decorrente de intervenção policial e legítima defesa.
Mais de mil pessoas foram presas durante a 3ª fase da Operação Verão na Baixada Santista. A SSP informou que 1.055 foram detidos, entre eles 434 procurados pela Justiça. Foram apreendidas 2,5 toneladas de drogas, além de 118 armas ilegais, incluindo fuzis de uso restrito.
O governo paulista esclareceu que as mortes em confronto são resultado da reação violenta dos criminosos ao trabalho policial. "Todos os casos são rigorosamente investigados pela Polícia Civil e Militar, com acompanhamento das respectivas corregedorias, Ministério Público e Poder Judiciário", disse a pasta em nota enviada ao UOL.
Secretário é denunciado após mortes
O Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) enviou uma representação contra Guilherme Derrite ao procurador-geral de Justiça de São Paulo. A representação contra o secretário de Segurança Pública de São Paulo cita improbidade administrativa no que diz respeito às operações da polícia com letalidade histórica no litoral paulista.
Condepe diz que SSP não respondeu a nenhum questionamento sobre as mortes decorrentes das operações policiais. O primeiro pedido, feito em 10 de agosto de 2023, pediu as cópias dos laudos periciais de 15 pessoas mortas por agentes ainda sob a tutela da antiga Operação Escudo. Em 5 de fevereiro de 2024, o Conselho solicitou mais sete boletins de ocorrência associados a mortes já na Operação Verão.
SSP diz que tomou conhecimento da representação e que as mortes são "rigorosamente investigadas". "A pasta teve conhecimento informal da representação do Condepe e irá responder aos questionamentos assim que acionada pelo Ministério Público", disse o órgão em nota.
Negativa da SSP em responder demonstra que governo de SP não quer prestar contas à sociedade, rebate representação. O presidente do Condepe, Dimitri Sales, chega a citar a declaração do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que desprezou a denúncia feita por organizações em órgão da ONU contra o nível de mortalidade das operações recentes.
Mortes de policiais em serviço não podem deixar de ser investigadas, mas não devem permitir "ilegalidade e arbitrariedade". O documento diz que, enquanto as mortes dos agentes devem ser rechaçadas, as denúncias de órgãos de direitos humanos contra as ações da polícia e contra métodos adotados na Operação Verão não podem passar em branco.
Policiais que atuam nas Operações Escudo e Verão têm sido levados de batalhões do interior do Estado de São Paulo, em que ainda não foram implantadas câmeras corporais, dificultando qualquer controle da atividade dos agentes de segurança pública, assim como expondo os ao risco de morte decorrente da atividade por eles desempenhada.
Trecho da representação contra Guilherme Derrite