Cães que atacaram escritora certamente estavam com fome, diz especialista

O especialista em comportamento animal Wagner Brandão afirmou no UOL News desta sexta (5) que o nível de lesões corporais sofridas pela escritora Roseana Murray, atacada na manhã de hoje em Saquarema (RJ) por três cães da raça pitbull, indicam que os animais estavam com fome.

Foi averiguado que esses cães viviam em estado inadequado. Os cachorros, além de arrancar o braço da escritora, comeram o braço. Com certeza, esses cães estavam com fome. Não é culpa dos pitbulls. A maioria [das pessoas] diz que a raça é violenta. Não é só o pitbull. Qualquer cachorro que sofre maus-tratos reage dessa forma. Wagner Brandão, comportamentalista animal

Roseana Murray, 73, teria sido atacada pelos animais de um vizinho enquanto caminhava. Ela teve graves ferimentos e o braço amputado. Brandão disse que, em casos como esse, os tutores podem ser responsabilizados criminalmente. Segundo ele, se os cães já haviam atacado ou ameaçado outras pessoas anteriormente, era obrigação dos tutores tomar providências para deixá-los em local seguro.

Os cães da raça pit têm tendência de pular alto. O dono sabendo disso, se houve outros ataques, ele deveria mantê-los numa área mais isolada. Tem que ver o histórico do cachorro também: se tem problema genético, problema físico, está com alguma dor e não necessariamente com fome, ele vai ser reativo. Wagner Brandão, comportamentalista animal

O comportamentalista acrescentou que a decisão de sacrificar um animal leva em conta vários fatores.

Para sacrificar um animal tem todo um histórico, como se aquele animal atacou diversas pessoas diversas vezes. É possível reabilitar esse animal ou não? Ele precisa passar por um comportamentalista animal que vai avaliar e ver se tem solução ou se é preciso sacrificar. Normalmente, a gente não sacrifica, tem a ver com o habitat, onde ele mora, tem a ver com a família, como ela tratava aquele animal. Tem todo um contexto que precisa ser verificado. Wagner Brandão, comportamentalista animal

Wagner Brandão dá dicas do melhor comportamento a adotar caso alguém seja surpreendido por um animal.

Se você correr, vira uma presa. Normalmente, para a maioria dos animais, ainda mais o cachorro, com instinto de caça, vira uma presa. O ideal é ficar parado e não encarar o cachorro. Quando você encara o cachorro você está dizendo 'mando em você' e, então, você o está desafiando. Não é o cachorro que é violento, é como ele é tratado. Já tive caso de um labrador, [raça] que não tem histórico de ser violento, que era maltratado pelos tutores e atacou gente na rua. Wagner Brandão, comportamentalista animal

Nesse caso (da escritora) eles estavam com fome já e viram uma presa. Mas, o ideal é ficar parado, deixa o cachorro cheirar. A motoqueiros peço pra pararem, deixem o cachorro cheirar e torcer para o dono chegar rápido. Wagner Brandão, comportamentalista animal

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Wagner Brandão é comportamentalista animal desde 2002. Formado pela Universidade de São Paulo, é ex-investigador da Polícia Civil e ex-treinador de cães policiais para faro e ataque. Colaborador de mais de 156 protetores animais independentes, Wagner já treinou mais de 500 cachorros. Entre seus clientes estão animais de estimação, como gatos, e também grandes felinos como tigres e tigresas, além de peixes e até mesmo moscas.

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