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'Ainda não vimos o pior cenário': o que é maré meteorológica que atinge RS

do UOL, em São Paulo

17/05/2024 04h00

Muitas pessoas se perguntam o motivo pelo qual as águas estão demorando tanto para baixar no Rio Grande do Sul. Além do excesso de chuva, o estado enfrenta outro problema: uma maré meteorológica positiva.

"A bacia hidrográfica do Guaiba tem 84 mil km². Medimos o escoamento no pico da enchente na semana passada e a vazão estava em 30 milhões de litros por segundo", diz Elírio Toldo Jr., professor do Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (CECO) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo o especialista, isso é 15 vezes mais do que a média da bacia.

O excesso de águas somada à maré meteorológica faz com que esses alagamentos durem tanto - e se espalhem para mais cidades do estado. Entenda o fenômeno.

Não é raro, mas atrapalha

Segundo a oceanóloga, doutora em meteorologia e professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Claudia Klose Parise, o que está acontecendo agora no Rio Grande do Sul está associado com as condições climáticas que o estado está enfrentando. E não é raro.

Essa maré pode ser positiva, quando o nível do mar sobe, ou negativa, quando o nível desce. E ambas podem trazer problemas, Claudia Klose Parise

Maré meteorológica positiva é quando existe uma sobrelevação do nível do mar. Isso acontece porque há uma alta pressão atmosférica no continente e uma baixa pressão atmosférica no oceano.

"As duas estão soprando ventos intensos na mesma direção e ficam um certo tempo estacionadas na região. O que causa um fenômeno chamado Transporte de Ekman, que é esse sopro de vento em direção ao continente que causa a subida das águas", explica Claudia

E com duas correntes de ventos, fortes e constantes, soprando na mesma direção (do continente) a água doce que precisa escoar dos lagos para o oceano não tem força. Mantendo - e às vezes, aumentando -, o nível dos alagamentos.

É como se o mar impedisse que a água doce saia. Assim, ela transborda e causa enchentes nas regiões mais baixas, que é o que estamos vendo. Claudia Klose Parise

Infelizmente, a especialista diz que ainda vai demorar para que os ventos mudem de direção e ajudem no escoamento das águas. "A previsão é que vamos chegar no máximo da enchente até o dia 21 de maio. Ainda não vimos o pior cenário", diz.

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