Brigadeirão: 'Ela está assustada, mas irá colaborar', diz advogada de presa
A advogada responsável por negociar com a polícia a rendição da suspeita de matar o namorado com um brigadeirão envenenado no Rio de Janeiro disse que ela irá colaborar com as investigações.
O que aconteceu
Defesa afirma que a suspeita está "abalada psicologicamente". A advogada Hortência Menezes conversou com a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, 29, quando ela foi levada ontem à noite em uma viatura até a 25ª DP (Engenho Novo). Ela foi presa temporariamente por suspeita de matar com um brigadeirão envenenado o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond.
Na delegacia, Júlia também conversou com a mãe e com o padrasto. Após optar por permanecer em silêncio, foi levada para a carceragem, nos fundos da unidade policial, onde aguarda transferência para uma prisão da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária). A unidade para onde ela será levada ainda não foi definida pelas autoridades.
É uma situação delicada, e precisa ser esclarecida. A Júlia está abalada psicologicamente. Ela está muito assustada, mas irá colaborar.
Hortência Menezes, advogada
Advogada disse que negociação para a rendição da psicóloga exigia "mínima exposição e prisão 'sem algemas'". "Conseguimos chegar a um consenso com a autoridade policial e realizamos a apresentação Júlia com a mínima exposição, sem algemas e sem hostilidade", disse por meio de nota.
Advogada não descarta transtorno mental
"Embora seja uma psicóloga, tal fato não exclui que possa manifestar um transtorno mental", diz nota enviada pela defesa à imprensa. O texto ainda diz que Júlia exercia a sua profissão, tem bons antecedentes e família estruturada.
Defesa cita relação com Suyany Breschak. Se apresentando como cigana, ela foi presa no dia 29 de maio por suspeita de ajudar Júlia a vender alguns bens do empresário. A cúmplice relatou em depoimento que a namorada da vítima seria garota de programa e tinha uma dívida de R$ 600 mil com ela. A defesa de Suyany disse que ela não tem qualquer envolvimento no crime.
Advogada diz querer entender como foram 11 anos de aconselhamento e orientação religiosa da psicóloga com a suposta cigana. "Se trata de uma orientadora e conselheira espiritual de uma determinada denominação religiosa, porém não seria a missão dos 'sacerdotes' serem responsáveis por animar e encorajar os seus membros, tornando-se exemplos por suas ações?", questiona.
O que se sabe sobre o caso
Júlia era procurada pela polícia por suspeita de envolvimento na morte do namorado. Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado morto dentro do seu apartamento no Rio de Janeiro no dia 20 de maio. Vizinhos sentiram um cheiro forte vindo do apartamento e acionaram a polícia.
Dois dias após o corpo do empresário ter sido encontrado, Júlia prestou depoimento e foi liberada. O mandado de prisão foi expedido após a oitiva, mas a suspeita não havia sido mais localizada. Um cartaz com a foto da mulher chegou a ser divulgado pelo Disque Denúncia RJ para pedir informações sobre o paradeiro dela.
A Polícia Civil investiga se Júlia colocou um medicamento à base de morfina no doce que teria causado a morte do companheiro. Ela teria comprado o remédio duas semanas antes do crime. A suspeita surgiu após depoimento de Suyany Breschak, conselheira espiritual de Júlia, presa por suspeita de envolvimento no crime.
Houve uma negociação com a advogada para que ela se entregasse. Aí, foi indicado um local para que pudéssemos prendê-la. Em princípio, ela quis ficar calada. Gostaríamos de ouvi-la novamente, porque temos pontos importantes a esclarecer sobre a investigação do caso.
Marcos Buss, delegado responsável pela investigação do caso
Câmeras registraram vítima em elevador
Luiz havia sido visto pela última vez no dia 17 de maio. Câmeras de segurança registraram o momento em que Luiz e Júlia deixam a piscina e entram no elevador. As imagens mostram que ele segura um prato. Ela, uma garrafa de cerveja. Em determinado momento, eles se beijam.
O corpo do empresário foi encontrado no sofá do apartamento. O imóvel fica localizado no Engenho Novo, na zona norte do Rio. Conforme o laudo do Instituto Médico Legal, o homem morreu de três a seis dias antes de o corpo ser encontrado. A causa da morte ainda não foi revelada.
Júlia teria permanecido no apartamento da vítima por dias. "Ela teria permanecido no apartamento da vítima com o cadáver por três ou quatro dias. Lá, teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, descido para a academia, se exercitado", disse o delegado Marcos Buss. Para a polícia, o crime foi premeditado e teria interesse financeiro.