Após deixar prisão, Nardoni abre MEI e cita ocupação profissional à Justiça
Um mês após deixar a prisão, no interior de São Paulo, Alexandre Nardoni abriu uma MEI (microempresa individual) e declarou à Justiça ter ocupação profissional. Nardoni foi condenado a 30 de prisão pela morte da própria filha, Isabella Nardoni, mas obteve a progressão de regime.
O que aconteceu
CNPJ foi aberto nesta quinta-feira (6). À Justiça, Nardoni declarou que irá trabalhar como promotor de vendas de apartamentos novos e usados. A informação foi confirmada pelo TJSP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) ao UOL.
Confirmamos que Alexandre Nardoni informou a constituição de uma microempresa individual e que vai trabalhar como "promotor de vendas de apartamentos novos e usados, bem como a supervisão e acompanhamento de obras
Nota do TJSP
O UOL também entrou em contato com a defesa dele, mas não houve retorno. Se houver, o texto será atualizado.
Alexandre Nardoni foi solto 16 anos após morte de Isabella
A Justiça de São Paulo concedeu a progressão para o regime aberto a Alexandre Nardoni. Ele foi condenado a 30 anos de prisão pela morte da própria filha.
Nardoni deixou a penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, em Tremembé (SP), no início de maio.
O juiz José Loureiro Sobrinho afirmou que Alexandre preenche os requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela lei para a obtenção do benefício. "Verifica-se dos autos que o sentenciado mantém boa conduta carcerária, possui situação processual definida, cumpriu mais de 1/2 do total de sua reprimenda, encontra-se usufruindo das saídas temporárias, retornando normalmente ao presídio", argumentou o magistrado.
Decisão diz ainda que Nardoni teve parecer favorável na avaliação feita, além de não registrar faltas disciplinares durante o cumprimento da pena. "Sua situação processual está definida e apresenta bom comportamento carcerário. E, em que pesem os aspectos negativos de sua personalidade, ressaltados pelo ilustre representante do Ministério Público, cumpridos os requisitos exigidos por lei, não há óbice à progressão devido à gravidade do delito", diz trecho da decisão.
Ele estava detido desde 2008. A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) confirmou ao UOL que a direção da Penitenciária II de Tremembé deu cumprimento ao alvará de soltura expedido pelo Poder Judiciário em favor do preso Alexandre Nardoni, em virtude de progressão ao regime aberto.
O magistrado citou algumas condições para o cumprimento do regime aberto. Definiu, ainda, que ele deve cumprir o restante da pena em sua casa.
- Comparecer trimestralmente à Vara de Execuções Criminais - VEC competente ou à CAEF (Central de Atenção ao Egresso e Família) (onde houver) para informar sobre suas atividades;
- Obter ocupação lícita no prazo de 90 dias, devendo comprovar, junto à VEC ou à CAEF, no prazo do item 1, que o fez;
- Permanecer em sua residência durante o repouso, no período compreendido entre 20h e 6h, salvo com autorização judicial;
- Não mudar da Comarca sem prévia autorização do juízo;
- Não mudar de residência sem comunicar o juízo;
- Não frequentar bares, casas de jogo e outros locais incompatíveis com o benefício conquistado.
Ministério Público pede que Alexandre Nardoni volte à prisão
A defesa de Nardoni disse que agirá para "evitar qualquer injustiça". O MP protocolou um recurso de agravo contra a execução, no Departamento Estadual de Execução Criminal da 9ª Região Administrativa, em São José dos Campos, alegando que o réu não comprovou, de forma cabal, que não representa risco para a sociedade.
A promotoria do caso considera que Nardoni praticou "crime hediondo bárbaro ao matar a filha de 5 anos". Texto diz ainda que ele "demonstrou frieza emocional, insensibilidade acentuada, caráter manifestamente dissimulado e ausência de arrependimento". O documento cita indicação psiquiátrica de que o réu possui "impulsividade latente", além de exibir elementos de transtorno de personalidade.
Anna Carolina Jatobá foi solta em 2023
Anna Carolina Jatobá deixou prisão no dia 20 de junho de 2023. A Justiça de São Paulo também concedeu a progressão para o regime aberto. Ela cumpria pena há 15 anos e estava em um presídio feminino em Tremembé. Jatobá foi condenada a 26 anos de prisão pela morte de Isabella.
Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça para que ela volte a cumprir pena em reclusão. Conforme a Promotoria, Anna tem "comportamento impulsivo e agressividade", não demonstrando "arrependimento pelo que fez".
Madrasta sempre negou o crime. Atualmente mora em um apartamento da família do sogro, na capital, mas é obrigada a cumprir as exigências do regime, como se recolher em seu endereço à noite e informar qualquer alteração relevante em sua rotina. Ela já estava no semiaberto, com direito a saídas temporárias, desde 2017.
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