Atlas da Violência: 76% das vítimas de homicídio no Brasil são negras

A cada 10 vítimas de homicídio no Brasil, sete são pessoas negras. Os dados integram o Atlas da Violência 2024, divulgado nesta terça-feira (18), com base em dados de 2022.

O que aconteceu

Em 2022, 76,5% dos homicídios do Brasil foram contra negros. O percentual representa 35.531 negros mortos intencionalmente no país. As mortes de pessoas não negras são 19,4% do total de mortes com registro racial.

Para cada pessoa não negra morta por homicídio, três negros morrem por assassinato. Ainda segundo o Atlas da Violência, a taxa de mortes intencionais para população negra é de 29,7 a cada 100 mil habitantes do grupo — frente a 10,8 de taxa para pessoas de outros recortes raciais.

De acordo com o levantamento, 10.209 (19,4%) pessoas de outras raças e etnias foram assassinadas em 2022. O número corresponde a mortes de pessoas brancas, indígenas e amarelas.

Número de negros assassinados teve pequena queda em relação ao último levantamento. No Atlas divulgado em 2023, com dados de 2021, o número de mortes de negros por homicídio atingiu a maior marca em 11 anos, com 35.616 homicídios. No início da série histórica, em 2012, a taxa era de 37 mortes a cada 100 mil negros.

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A Bahia tem a maior taxa de homicídios de negros do Brasil. Foram 6.259 pessoas negras mortas no estado em 2022.

O estado também é responsável por sete das dez cidades mais violentas do país. Analisado o recorte racial, a população preta do estado representa mais de 80% da população.

Mortes de indígenas

Para cada 100 mil indígenas brasileiros, há uma taxa de 24,6 mortes. Conforme o Atlas da Violência, houve uma redução de assassinatos contra indígenas nos últimos anos. No início da série histórica, em 2012, a taxa estava em 46,4.

No Brasil, 205 indígenas morreram por homicídio em 2022. No país, de acordo com o Censo 2022, a população do grupo é de 1,7 milhão de pessoas.

Após sequentes quedas, mais indígenas morreram em 2020 e 2021. Apesar da queda em 2022, nos dois anos anteriores a taxa de homicídios contra o grupo ultrapassava a média do país, com 32,8 e 33,7 assassinatos para cada 100 mil indígenas, respectivamente.

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Deve-se considerar o ano de 2022 de forma muito singular. Em toda a década anterior (2012 a 2021), a violência letal foi vivenciada de forma mais intensa pelos povos indígenas do que pela população brasileira em geral. Com efeito, nos anos de 2013 e 2014, a taxa de homicídios (registrados e estimados) de indígenas atingiu o dobro da taxa geral.
Nota do Atlas da Violência 2024

No recorte regional de assassinatos de indígenas, Roraima teve mais indígenas assassinados. Foram 48 homicídios contra a população no estado, seguido por Mato Grosso do Sul, com 39 mortes, e 38 no Amazonas. Mais de 70% dos indígenas brasileiros se concentram no Norte.

O Atlas da Violência 2024 é um documento elaborado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) junto ao FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública). O levantamento é divulgado com dados obtidos junto ao SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade).

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