Atlas da Violência: 76% das vítimas de homicídio no Brasil são negras
![Durval Teófilo Filho, de 38 anos, chegava em casa do trabalho quando foi atingido na barriga em 2022 Durval Teófilo Filho, de 38 anos, chegava em casa do trabalho quando foi atingido na barriga em 2022](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/3c/2022/02/03/durval-teofilo-filho-de-38-anos-chegava-em-casa-do-trabalho-quando-foi-atingido-na-barriga-1643904490494_v2_900x506.jpg)
A cada 10 vítimas de homicídio no Brasil, sete são pessoas negras. Os dados integram o Atlas da Violência 2024, divulgado nesta terça-feira (18), com base em dados de 2022.
O que aconteceu
Em 2022, 76,5% dos homicídios do Brasil foram contra negros. O percentual representa 35.531 negros mortos intencionalmente no país. As mortes de pessoas não negras são 19,4% do total de mortes com registro racial.
Para cada pessoa não negra morta por homicídio, três negros morrem por assassinato. Ainda segundo o Atlas da Violência, a taxa de mortes intencionais para população negra é de 29,7 a cada 100 mil habitantes do grupo — frente a 10,8 de taxa para pessoas de outros recortes raciais.
De acordo com o levantamento, 10.209 (19,4%) pessoas de outras raças e etnias foram assassinadas em 2022. O número corresponde a mortes de pessoas brancas, indígenas e amarelas.
Número de negros assassinados teve pequena queda em relação ao último levantamento. No Atlas divulgado em 2023, com dados de 2021, o número de mortes de negros por homicídio atingiu a maior marca em 11 anos, com 35.616 homicídios. No início da série histórica, em 2012, a taxa era de 37 mortes a cada 100 mil negros.
A Bahia tem a maior taxa de homicídios de negros do Brasil. Foram 6.259 pessoas negras mortas no estado em 2022.
O estado também é responsável por sete das dez cidades mais violentas do país. Analisado o recorte racial, a população preta do estado representa mais de 80% da população.
Mortes de indígenas
Para cada 100 mil indígenas brasileiros, há uma taxa de 24,6 mortes. Conforme o Atlas da Violência, houve uma redução de assassinatos contra indígenas nos últimos anos. No início da série histórica, em 2012, a taxa estava em 46,4.
No Brasil, 205 indígenas morreram por homicídio em 2022. No país, de acordo com o Censo 2022, a população do grupo é de 1,7 milhão de pessoas.
Após sequentes quedas, mais indígenas morreram em 2020 e 2021. Apesar da queda em 2022, nos dois anos anteriores a taxa de homicídios contra o grupo ultrapassava a média do país, com 32,8 e 33,7 assassinatos para cada 100 mil indígenas, respectivamente.
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Quero receberDeve-se considerar o ano de 2022 de forma muito singular. Em toda a década anterior (2012 a 2021), a violência letal foi vivenciada de forma mais intensa pelos povos indígenas do que pela população brasileira em geral. Com efeito, nos anos de 2013 e 2014, a taxa de homicídios (registrados e estimados) de indígenas atingiu o dobro da taxa geral.
Nota do Atlas da Violência 2024
No recorte regional de assassinatos de indígenas, Roraima teve mais indígenas assassinados. Foram 48 homicídios contra a população no estado, seguido por Mato Grosso do Sul, com 39 mortes, e 38 no Amazonas. Mais de 70% dos indígenas brasileiros se concentram no Norte.
O Atlas da Violência 2024 é um documento elaborado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) junto ao FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública). O levantamento é divulgado com dados obtidos junto ao SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade).
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