Conteúdo publicado há 1 mês

Ronnie Lessa pede transferência de unidade em Tremembé alegando 'rigidez'

A defesa de Ronnie Lessa, ex-PM que confessou ter matado Marielle Franco, solicitou à Justiça que o preso seja transferido para a Penitenciária José Augusto Salgado, a P2 de Tremembé (SP).

O que aconteceu

A defesa de Ronnie Lessa encaminhou pedido de transferência da unidade Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra. O ofício foi enviado na sexta-feira (12) ao STJ (Supremo Tribunal de Justiça).

"Lessa é um colaborador, e essa condição tem que ser respeitada", diz defesa. No pedido encaminhado ao STJ, Saulo Carvalho, advogado do preso, explica que a atual situação de Lessa é mais rígida do que a vivenciada pelo ex-PM na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), onde ele estava anteriormente.

Ronnie Lessa sente falta de contato com a família, diz defesa. De acordo com o advogado, esse é o principal argumento para o pedido de transferência para a P2.

Na P1, Lessa tem contato com a família via interfone por trás de um vidro. Segundo Carvalho, o preso "sente falta de um abraço da família".

A Secretaria da Administração Penitenciária informou que a P1 tem "plenas condições de manter o referido preso seguro". Em nota, SAP concluiu: "desde seu ingresso, foi reforçada a segurança da penitenciária, de forma a garantir totalmente a integridade física do corpo de funcionários, dos demais presos e do próprio custodiado".

Então, quando ele vai para Tremembé, ele foi alocado, pois a SAP entendeu que ali adequaria as condições de segurança. Estive lá e verifiquei que a situação dele lá é totalmente diferente. Pois foi ultrapassado o período de observação de 20 dias, e a partir daí o preso comum é colocado em convivência com outros presos. Consegue fazer cursos. Ter uma vida comum. O que não acontece na P1.
Saulo Carvalho, advogado Ronnie Lessa

Ressocialização

O preso quer fazer cursos e realizar trabalhos, segundo a corpo de defesa. "Ele lê, tem banho de sol. Mas ele fica impedido do direito de fazer um curso, de trabalhar. Isso depende do convívio com outros presos. Esses cursos eram possíveis na penitenciária de Campo Grande. Está mais rígido que antes", conclui.

Continua após a publicidade

Advogado teme pela integridade do assassino confesso na P1. De acordo com Carvalho, a unidade tem a presença de faccionados que oferecem riscos a Lessa, que já foi policial militar. O sindicato que representa os policiais penais de São Paulo enviou, ainda no mês passado, um documento afirmando que o PCC já teria encomendado a morte do preso.

Para a defesa, a P2 traria mais segurança para o preso. Na unidade estão alocados presos não faccionados, incluindo outros ex-policiais.

A P1 abriga, em sua grande maioria, pessoas de organizações criminosas. A meu ver, ele está excluído lá. Qual é o benefício?
Saulo Carvalho, advogado de Ronnie Lessa

Delação premiada

Em junho, depoimentos de Lessa indicando supostos mandantes do crime foram divulgados. O STF (Supremo Tribunal Federal) disponibilizou o depoimento na íntegra de Lessa, apontando para o organograma do crime.

Irmãos Brazão e ex-chefe da Polícia Civil foram delatados. À Polícia Federal, Lessa narrou que recebeu uma proposta milionária de Chiquinho e Domingos Brazão para matar Marielle. Além disso, ele apontou que Rivaldo Barbosa, da Polícia Civil, trabalhou para atrapalhar a investigação em torno do crime.

Continua após a publicidade

Segundo Lessa, Marielle era considerada "uma pedra no caminho". "Ela teria convocado algumas reuniões com várias lideranças comunitárias, se eu não me engano, no bairro de Vargem Grande ou Vargem Pequena [zona oeste carioca], justamente para falar sobre esse assunto, para que não houvesse adesão a novos loteamentos da milícia. Isso foi o que o Domingos [Brazão] passou para a gente. Que a Marielle vai atrapalhar e para isso ela tem que sair do caminho".

Lessa confessou ter matado Marielle Franco

Ronnie Lessa confessou que matou a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Na noite de 14 de março de 2018, Lessa perseguiu, atirou contra o carro da parlamentar e matou-a.

Além do assassinato, Lessa também já esteve envolvido em outros crimes. Ele já foi investigado por outros homicídios, comércio ilegal de armas e envolvimento com a milícia.

O ex-PM está preso desde março de 2019. Apurações sobre a dinâmica dos assassinatos e os mandantes do crime ainda acontecem.

Deixe seu comentário

Só para assinantes