Conteúdo publicado há 1 mês

Empresário encontrado morto em SP foi assassinado após boato, diz delegado

O empresário Carlos Alberto Felice, 77, encontrado morto no bairro Jardim Europa, zona oeste de São Paulo, foi torturado e assassinado devido a um boato de que teria milhões dentro da sua casa. Essa é a principal linha a investigação do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais).

O que aconteceu

Principal linha de investigação da polícia já está traçada. Segundo o delegado Rogério Barbosa, do Deic, possivelmente indivíduos entraram na casa da vítima após boato de que ele guardava R$ 3,5 milhões em espécie após vender o imóvel. "Seu Carlos foi vítima de uma notícia inverídica", afirmou o delegado ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.

Empresário foi torturado antes de ser morto. "Plantarem esse boato de que ele teria milhões dentro da casa, e provavelmente foi esse o motivo de que esses indivíduos entraram no imóvel e acabaram torturando ele e por fim matando. A gente acredita que as agressões que ele sofreu foi para tentar obter dele a informação de onde estaria esse dinheiro. Com a negativa, foi espancado até a morte", detalhou Barbosa.

Polícia ainda não sabe se criminosos eram experientes em delitos semelhantes. Evidências colhidas na cena do crime são analisadas pela equipe policial. "A gente ainda não consegue precisar se são bandidos experientes, algumas coisas na residência, na cena do crime, foram apagadas. Essa é uma característica de quem tem expertise em outros delitos dessa natureza, mas não tomaram tantos cuidados com outros detalhes", acrescentou o delegado.

Dez pessoas já foram ouvidas. Entre os que prestaram depoimento, estão dois sobrinhos e um amigo de Carlos, de 85 anos, o advogado do comprador da casa e o advogado da vítima. Também foi ouvido, na condição de testemunha, um encanador que prestou serviços para o idoso poucos dias antes de ele morrer.

Carlos Alberto Felice era viúvo e não tinha filhos. A esposa dele morreu há três anos. As pessoas mais próximas eram um sobrinho e a irmã. Foi o sobrinho, inclusive, que ligou para a Polícia Militar após não conseguir contato com o tio.

A vítima morava sozinha e não tinha funcionários na casa. Carlos gostava de frequentar a igreja e levava uma vida modesta. O imóvel onde ocorreu o crime não tinha sistema de vigilância com câmeras de segurança. Caminhadas em uma praça ao lado de sua casa eram parte da rotina de Carlos. Vizinhos e comerciantes da região dizem que ele sempre foi muito cordial, educado e gentil.

Segundo a polícia, Carlos passava por dificuldades financeiras nos últimos anos. A situação teria piorado após a morte da sua esposa e do seu pai.

Carlos e a irmã herdaram cinco imóveis. O UOL apurou que eles tinham dois apartamentos no bairro Vila Madalena, que valiam cada cerca de R$ 146 mil em 2016, um na Bela Vista, de R$ 579 mil, e uma sala comercial no Jardim América, de cerca de R$ 400 mil. Carlos também herdou da mãe a casa onde aconteceu o crime, no bairro Jardim Europa, que havia sido vendida por R$ 4,5 milhões.

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Casa foi vendida em 2023

A casa do empresário foi vendida em 2023 por R$ 4,5 milhões.

Mas Carlos Alberto Felice só recebeu R$ 350 mil como um sinal pela venda. Ele usou o dinheiro para quitar dívidas, segundo o delegado Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). "Ele tinha que regularizar o inventário da casa", afirmou.

Polícia descartou hipótese de que idoso teria uma grande quantia de dinheiro em casa. Ao UOL, o delegado explicou que ainda não sabe o valor em espécie que Carlos guardava, mas que se tivesse, seria algo em torno de R$ 10 mil e R$ 20 mil.

Imóvel onde ele foi morto tinha dívida de mais de R$ 1 milhão em IPTU. Carlos Alberto estava endividado e sua condição financeira piorou após a morte do seu pai e de sua esposa. Ele ficou viúvo há três anos. "Depois que ficou viúvo e após a morte do pai a vida deu uma desandada. A casa que ele vendeu tinha alguns débitos, incluindo mais de R$ 1 milhão de IPTU. Ele tinha muitas dívidas e por isso que a gente não acredita que ele tinha essa quantia em casa [os R$ 3 milhões]", afirmou Fábio Pinheiro à TV Bandeirantes.

Empresário foi morto a pauladas

Carlos Alberto Felice foi morto a pauladas, segundo investigação inicial da Polícia Civil de São Paulo.

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Policiais encontraram um pedaço de madeira com manchas de sangue ao lado do corpo. Caso é investigado como latrocínio, roubo seguido de morte.

A polícia acredita que o idoso morreu no dia 12 de julho, último dia em que foi visto com vida. As informações foram reveladas pelo delegado Fábio Pinheiro Lopes ao programa Brasil Urgente.

O veículo do empresário não foi encontrado na casa dele, que foi toda revirada. "A casa foi todinha revirada, só que os policiais não conseguem ainda determinar o que ele tinha dentro da casa", afirmou o delegado.

Relembre o caso

O empresário foi encontrado morto com ferimento na cabeça às 20h21 de ontem em sua casa na rua Prudente Correia. Inicialmente, o sobrinho afirmou que R$ 3,5 milhões foram levados da casa.

O corpo estava amarrado na garagem e foi achado pelo sobrinho da vítima. O sobrinho de Felice contou à polícia que chegou à casa por volta das 20h15 e não notou sinais de arrombamento ou de crime patrimonial. Ele acrescentou que chamou pelo tio várias vezes e, como o empresário não atendeu, telefonou para a Polícia Militar.

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No local foi encontrado um pedaço de madeira com manchas de sangue na extremidade. O material foi apreendido para perícia. Segundo declarações do sobrinho, um amigo da vítima disse à mãe dele, irmã de Felice, que o tio não havia ido à igreja na semana passada e que ao tentar falar com ele, por telefone, não teve retorno.

Enquanto esteve na casa do tio ontem à noite - acrescentou o sobrinho - um homem se aproximou, sem se identificar, e disse que era amigo de Felice. O desconhecido teria informado ainda que a vítima teria vendido a casa e estaria com um "bom dinheiro lá dentro".

Felice- acrescentou o sobrinho - era viúvo havia três anos e não tinha filhos. A polícia apurou que ele estava endividado e possuía um automóvel Hyundai. O veículo não estava na garagem da casa. Um vigia da rua revelou aos policiais que Felice saiu com o carro quinta-feira (11) e retornou com ele.

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