Vítima do acidente, produtor ia se casar na Suíça e temia avião da Voepass
Vítima do acidente aéreo de sexta-feira (9), o DJ e produtor musical paranaense Mauro Junior Zeczkowski Sguarizi, de 30 anos, planejava pedir a mão da companheira em casamento e formalizar a união na Suíça ainda este ano.
O que aconteceu
O paranaense morava havia quatro anos em Recife com a companheira, Roberta, uma promotora. Ele viajou para Foz do Iguaçu, onde mora a mãe, para emitir seu passaporte a fim de viajar para Suíça, onde a companheira tem familiares.
Sua intenção era pedir a mão da promotora em casamento nos próximos dias. "Um dia antes da morte ele me disse que estava tirando o passaporte para irem pra Suíça se casar lá", afirmou ao UOL sua tia, a advogada Marilene Sguarizi. "Ele ia pedir a mão dela em casamento com a intenção de se casar até o fim do ano, mas dependia do passaporte."
A companheira não sabia da surpresa. "Quando contei pra ela que ele tinha me falado isso, ela riu de alegria, ficou toda emocionada. Seria uma surpresa", disse a tia.
Mãe e companheira estão abaladas
Ao tomar conhecimento sobre o acidente, a promotora viajou para Curitiba, onde mora o pai. "Ela é um ser humano maravilhoso, iluminado", diz Marilene. "Ela está com o pai esperando o desenrolar das investigações para saber o que fazer. Ela estava chorando muito quando falei com ela."
A mãe do produtor, que era filho único, está acamada. "Minha irmã, a mãe do Mauro, está de cama, não consegue levantar", diz Marilene, que mora no Paraguai, na divisa com o Brasil. "Estou indo lá. Atravesso a ponte, levo comida, fico junto. Agora cedo vai a minha filha e, à tarde, eu vou."
Produtor criticou avião
Segundo Marilene, há cerca de 15 dias o sobrinho chegou ao Paraná no mesmo avião em que voltaria para Recife. Ele teria comentado sobre o estado da aeronave. "Ele me disse que era um teco-teco, feio", disse.
O produtor quase desistiu do voo. "Ele pensou em passar o domingo com o pai e só viajar na segunda-feira (12)", disse a tia. Mas ele acabou mudando de ideia e embarcando.
A aeronave decolou de Cascavel sem restrição de voo. Segundo a Voepass Linhas Aéreas, o avião estava apto para a viagem e as habilitações de todos os tripulantes estavam na validade.
Ele tinha medo desse voo. Era o que ele tinha manifestado pra mim e pra outros familiares.
Marilene Sguarizi, tia de Mauro
A espera do corpo
Ninguém da família viajou para São Paulo. O pai do produtor colheu material genético e enviou para as autoridades. "Se precisar, alguém vai, mas como eles não chamaram, estamos esperando", disse a tia. "Deram até cinco dias para enviar o corpo, mas esse prazo deve ser ampliado porque a Polícia Federal está pedindo mais tempo para reconhecer."
O avião era um turboélice de passageiros modelo ATR-72. Ele voou por 1 hora e 35 minutos até fazer uma curva brusca, despencar 4 mil metros em cerca um minuto, sumir do radar e explodir no terreno de uma casa em um condomínio.
Com 62 mortos, esse é o acidente aéreo com mais vítimas em território nacional desde a tragédia da TAM, em 2007. Ao todo 199 pessoas morreram naquele acidente, quando o avião não conseguiu frear ao pousar no Aeroporto de Congonhas, zona sul da cidade.