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Apurações de maiores acidentes aéreos com brasileiros costumam durar 2 anos

As investigações dos maiores acidentes aéreos com brasileiros costumam levar 2 anos para serem concluídas.

O que aconteceu

No Brasil, essa investigação fica a cargo do Cenipa. Criado pela FAB (Força Aérea Brasileira) em 1971, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos tem 30 dias após o acidente para entregar um relatório preliminar das investigações. O relatório final, no entanto, não tem prazo para ser entregue.

O UOL calculou o tempo de investigação de seis acidentes aéreos que pararam o Brasil. Dois deles foram investigados por órgãos internacionais.

Da Vasp à Air France: veja como foi

LaMia 2016: 71 mortos. A aeronave transportava nove tripulantes e 68 passageiros, incluindo o time da Chapecoense, dirigentes da equipe e jornalistas. Depois de sair do Brasil, o avião decolou de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), onde fez uma escala. Apenas seis pessoas foram resgatadas com vida após a queda nas proximidades de Medellín, na Colômbia, no dia 28 de novembro de 2016.

A Agência Aeronáutica Civil da Colômbia levou um ano e cinco meses para entregar o relatório final. O documento, divulgado em abril de 2018, diz que o acidente foi causado por uma pane seca. Uma análise dos áudios da cabine de comando indicam que os pilotos notaram a falta de combustível 40 minutos antes da queda. O piloto preferiu seguir o voo para Medellín, em vez de pousar em Bogotá, na capital da Colômbia, para reabastecer.

Acidente com avião da Chapecoense em 2016 deixou 71 mortos
Acidente com avião da Chapecoense em 2016 deixou 71 mortos Imagem: Reprodução/Twitter/Colômbia

Fair France 2009: 228 mortos, 58 brasileiros. O voo 447 deixou o Rio para Paris na noite de 31 de maio, mas desapareceu em águas internacionais do Atlântico. Todos os 228 ocupantes do Airbus A330-200 morreram, entre eles 12 tripulantes e 58 brasileiros.

Resgate dos destroços do acidente com o voo AF-447 da Air France em 2009
Resgate dos destroços do acidente com o voo AF-447 da Air France em 2009 Imagem: EFE
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O relatório final ficou pronto três anos depois. A apuração ficou a cargo do Escritório de Investigação de Acidentes Aéreos da França, que só entregou o relatório final em 5 de julho de 2012. O avião enfrentou uma forte tempestade tropical: as baixas temperaturas congelaram os tubos de pitot —que informam a velocidade da aeronave—, o Airbus perdeu sustentação e, poucos minutos depois, caiu no mar.

Pilotos também erraram. A investigação concluiu que, além das falhas mecânicas provocadas pelo mau tempo, o acidente foi provocado por erros dos pilotos e falta de treinamento da tripulação para pilotagem manual. "Os pilotos não perceberam que estavam caindo", afirmou na época Alain Bouillard, responsável pela investigação. "Só uma tripulação que tivesse compreendido a situação poderia retomar o plano de voo."

TAM 2007: 199 mortos. Em 17 de julho de 2007, o voo 3054 saiu de Porto Alegre com destino ao Aeroporto de Congonhas, mas não conseguiu parar durante o pouso, saiu da pista, cruzou a avenida Washington Luís e bateu em um posto de combustível. Morreram 199 pessoas: seis tripulantes, 181 passageiros e 12 pessoas que estavam no solo e no prédio da TAM que foi atingido.

 Aeronave da TAM não conseguiu aterrissar e saiu da pista em 2007
Aeronave da TAM não conseguiu aterrissar e saiu da pista em 2007 Imagem: Reprodução/Baaa.ar

O relatório final levou mais de dois anos. Embora o documento preliminar tenha atrasado dez dias, o documento conclusivo só foi divulgado em 31 de outubro de 2009, dois anos e quatro meses depois. Uma das causas foi um erro na posição das alavancas que comandam a aceleração e dão potência ao avião. Uma delas permaneceu na posição de aceleração, o que levou à perda de controle da aeronave. Embora não tenha apontado os pilotos como responsáveis, o relatório afirma que a chance de ocorrer uma falha mecânica naquele modelo da Airbus é de uma a cada 400 trilhões de horas de voo.

Legacy 2006: 154 mortos. Em 29 de setembro daquele ano, um jato Legacy, pilotado por pilotos norte-americanos, se chocou com um Boeing da Gol. O destroços do voo 1907, que ia de Manaus para Brasília, só foram encontrados no dia seguinte, na Serra do Cachimbo, na divisa do Pará com Mato Grosso. As 154 pessoas a bordo morreram, enquanto os pilotos do jato realizaram um pouso de emergência, que salvou a vida de todos que estavam na aeronave de pequeno porte.

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2011 - Destroços do voo 1907, da Gol, em 2006
2011 - Destroços do voo 1907, da Gol, em 2006 Imagem: Jorge Araújo/Folhapress

O relatório final foi entregue no dia 10 de dezembro de 2008. Um erro de operação em um equipamento do jato Legacy pode ter desligado o sistema anticolisão da aeronave, provocando o choque contra o Boeing. A Aeronáutica também identificou possíveis erros de controladores de Manaus (AM), Brasília (DF) e São José dos Campos (SP) na autorização para voos e nas passagens entre os centros de controles.

TAM 1996: 99 mortos. Em 31 de outubro de 1996, um Fokker 100 da TAM saiu de uma escala no aeroporto de Congonhas rumo ao Rio de Janeiro, mas caiu após 24 segundos. A aeronave atingiu oito casas na região do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, matando 96 pessoas que estavam no avião e três pessoas em terra.

4.fev.2016 - O fotógrafo Ormuzd Alves posa com a foto de sua autoria sobre o acidente com o avião Fokker 100 da TAM, em 1996
4.fev.2016 - O fotógrafo Ormuzd Alves posa com a foto de sua autoria sobre o acidente com o avião Fokker 100 da TAM, em 1996 Imagem: Diego Padgurschi/Folhapress

O relatório final levou pouco mais de um ano para ficar pronto. Divulgado 11 de dezembro de 1997, o documento apontou que o acidente foi provocado por uma falha no reversor da turbina, que abriu durante a decolagem, problema raríssimo na aviação. Foi como acionar o freio no momento em que a aeronave precisava acelerar para ganhar sustentação.

VASP 1982: 137 mortos. Em 8 de junho de 1982, um Boeing-727 chocou-se com um morro no Ceará apenas três minutos antes do pouso. Durante o procedimento de descida, o comandante foi autorizado a baixar a altitude para 1500 metros, mas o choque com a serra aconteceu a 600 metros de altura.

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Destroços do Boeing-727/200 da Vasp que se chocou contra uma montanha da serra de Aratanha, a 30 quilômetros de Fortaleza (CE),
Destroços do Boeing-727/200 da Vasp que se chocou contra uma montanha da serra de Aratanha, a 30 quilômetros de Fortaleza (CE), Imagem: Carlão/Folhapress

O relatório final ficou pronto em menos de dois meses. Ao contrário das outras investigações, que somadas levaram, em média 2 anos para ficarem prontas, este relatório foi digulgado já em 6 de agosto.

A investigação concluiu rapidamente que o acidente ocorreu exclusivamente por falha dos comandantes:

  1. Deficiente planejamento para a descida;
  2. Descumprimento das regras de trafego aéreos,
  3. Não observância da altitude mínima recomendada;
  4. Indisciplina no Cockpit;
  5. Descumprimento de normas operacionais da empresa.

O relatório ainda faz uma advertência. "Todo aquele que, por estar em posição hierárquica superior, despreza o assessoramento, não só está sujeito a maior índice de erro como também demonstra incapacidade para trabalho de grupo."

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