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Gaúcho morto em voo da Voepass iria a SP porque aeroporto no RS foi fechado

André Armindo Michel morreu em avião da Voepass Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

14/08/2024 05h30

O representante comercial André Armindo Michel, 52, é uma das 62 vítimas da queda do avião da Voepass em Vinhedo na sexta-feira (9). O corpo dele foi identificado nesta terça, informou a sobrinha Bianca Feller ao UOL.

Conexão após desastre no RS

Ele pretendia ir de Cascavel (PR) a Campo Bom (RS) após um dia de trabalho, mas tinha de fazer uma conexão em Guarulhos, já que o aeroporto de Porto Alegre, o mais próximo da cidade natal dele, ainda não está funcionando. O Aeroporto Salgado Filho está fechado desde as inundações que ocorreram no estado em maio.

Para retornar para casa, Michel faria uma conexão em Guarulhos para, então, pegar um voo a Florianópolis. Da capital catarinense, ele viajaria à cidade natal de carro.

Apesar de o aeroporto de Porto Alegre ter sido afetado pelas enchentes, a esposa dele, a analista comercial Clair Michel, 51, diz que a família não sofreu os impactos das chuvas naquele mês. "Não fomos afetados, mas o Michel fez questão de ajudar muitas pessoas —com dinheiro, doações. Ele se sensibilizava muito."

'Me mandou foto do avião'

Naquele dia, ele entrou em contato com a esposa no café da manhã. Além disso, enviou uma foto do avião antes de embarcar.

Ele me ligou na quinta à noite e disse pegaria o voo às 11h45 do dia seguinte. Na sexta de manhã, ainda me mandou mensagem, dizendo que tinha comido uma frutinha de café da manhã e às 11h, já no aeroporto, tirou uma foto do avião e me mandou, para sabermos que era da Voepass. Foi a última vez que tive contato.
Clair Michel, viúva de André

Eles fariam 25 anos de casados. O casal estava se preparando para renovar os votos em dezembro deste ano. "Queríamos comemorar, chamar pessoas queridas e fazer algo juntos. Ele era uma pessoa que adorava reunir a família e ter a casa sempre cheia."

A filha do casal completará 14 anos na próxima semana, dia 20 de agosto. Segundo a sobrinha, Michel era muito "devoto à filha". "É o amor da vida dele, não tenho como te colocar em palavras a atenção, o carinho, o cuidado e o amor que ele tinha pela esposa e pela filha."

"Ele amava viver e era uma pessoa muito intensa". Foi assim que Clair descreveu o marido. "Chegava do trabalho cansada e ele servia uma taça de vinho. Ele nunca deixava tomar sem brindar. Ele era uma pessoa muito intensa e muito inteligente. Adorava estudar e amava viver. Ele queria viver."

Para a sobrinha, o tio era um grande agregador da família. "Ele queria unir, queria ajudar. Era uma pessoa que não queria saber de briga. Ele queria a união da família e fazia de tudo por ela. Trabalhava, lutava para dar o melhor para a esposa, um futuro para a filha, principalmente ajudar pai, mãe, irmãos, todo mundo. Ele não deixava ninguém de lado. Se alguém precisava de ajuda na família, ele dava um jeito."

Também era conhecido por ser um grande torcedor do Grêmio. Uma das paixões de Michel era o futebol. "Ele passou essa devoção para muitas pessoas, como eu. Era um cara que amava o time, estava junto, torcendo, nos altos e baixos. Ele tinha toda uma programação para ver o jogo: sentava no sofá, assistia às entrevistas antes do jogo, acompanhava a escalação e gritava a cada gol. Era fanático", diz a sobrinha.

"Realizou muitos sonhos e ainda realizaria mais". Para a sobrinha, a construção da família era um dos sonhos que o representante de vendas tinha. "O André tinha muita coisa para viver. Ele era um cara que amava a vida, já tinha feito muito. Acho que o maior sonho dele era a família que ele construiu, a filha, a esposa. Ele sonhava e realizava os sonhos dele."

As vítimas [do voo] não eram números. Elas tinham família, sonhos para realizar e outros já realizados.
Bianca Feller

Morte pegou todos de surpresa. Clair conta que uma pessoa em situação de vulnerabilidade que Michel ajudava apareceu na casa deles na noite de sexta, após a queda do avião. "Ele sempre aparecia para pedir ajuda e o meu marido sempre o ajudava. Naquela noite, ele viu a casa cheia e perguntou o que tinha acontecido. Meu cunhado explicou que era porque o dono da casa tinha morrido. Ele ficou surpreso e disse que meu marido era um homem muito bom. Aquilo me deixou sensibilizada, de como eles criaram esse laço. O André era uma pessoa que sempre tentava lutar pela igualdade", diz Clair.

As recordações dele vão permanecer para sempre.
Clair Michel, viúva de André

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