Sakamoto: Ricos herdarão a Terra, e pobres o sofrimento da mudança no clima
O colunista do UOL Leonardo Sakamoto criticou, durante o UOL News de sexta-feira (13), a falta de ações que endureçam as penas para os crimes ambientais que geram incêndios de norte a sul do Brasil.
Estamos em momento de catástrofe e, mesmo assim, a galera da política faz de conta que não está acontecendo nada. Briga para liberar a exploração de petróleo na costa amazônica, briga para não ter nenhuma restrição à emissão de carbono, briga para continuar explorando e exportando madeira loucamente na Amazônia.
Leonardo Sakamoto
Há indícios de ações coordenadas em casos de incêndios ambientais pelo país, declarou hoje o diretor de meio ambiente da Polícia Federal, Humberto Freire, à GloboNews. No entanto, não há ações enérgicas do Congresso Nacional e nem do governo federal para endurecer o enfrentamento aos crimes ambientais, afirmou Sakamoto. Pelo contrário, há cumplicidade de deputados e senadores com grupos que pilham os recursos naturais.
Há um Congresso que é contra a aprovação de leis para ajudar a combater desmatamento e mudança climática. A gente tem um governo que não é negacionista como o anterior, mas que também fala bonito lá fora e afina aqui dentro. No final das contas, a gente está sendo vencido na corrida pela sobrevivência desta e das futuras gerações.
Leonardo Sakamoto
Em um cenário em que o mundo pode "não ter mais volta", como avaliou o colunista de Ecoa e climatologista Carlos Nobre, o problema ficará para as próximas gerações, disse Leonardo Sakamoto — mas com pesos distintos para cada camada social:
Temos ações criminosas na Amazônia, no Pantanal, no Cerrado, no interior de São Paulo, de gente botando fogo em área. Para quê? Muitas vezes para limpeza de área, especulação imobiliária, para beneficiar o extrativismo, o agronegócio. O agro é pop, mas o pop também queima. [...] A questão não é nem apenas a nossa geração. Fico bastante preocupado com as próximas. Os ricos vão herdar a Terra, como sempre. E os pobres vão sofrer muito com tudo isso.
Leonardo Sakamoto
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