Síndico do Copan acredita que 'alguma reforma' pode ter iniciado incêndio
Síndico do Copan, Affonso Celso, de 83 anos, disse acreditar que alguma reforma no prédio pode ter iniciado o incêndio que atingiu o edifício nesta quinta-feira (3). Até o momento, não há conclusões oficiais sobre como e por que o fogo começou.
O que aconteceu
"O que aconteceu aqui foi que alguma reforma trouxe fogo para a junta de dilatação", avaliou o síndico. "Essa junta é revestida com papelão. E, lógico, isso entrou em combustão. [Mas] não tem risco nenhum", acrescentou.
Corpo de Bombeiros confirmou que incêndio ocorreu nas juntas de dilatação do edifício. Informações iniciais indicavam que o fogo teria começado em um apartamento. "Pegou fogo na junta de dilatação entre os blocos D e E", disse o empresário Ocimar Santos, de 53 anos, que mora no Copan. Conforme a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), junta de dilatação é "uma divisão entre duas peças de uma estrutura e serve para que ambas movimentem-se sem que tenham contato".
Edifício está regular e tem AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) dentro da validade. O Copan também conta com própria brigada de incêndio, que começou o combate das chamas logo após o início do fogo, informou ao UOL o coronel Alvaro Camilo, subprefeito da Sé.
Moradores relataram momento de pânico. Edir Sabino, fotógrafo e empresário, de 68 anos, foi um dos primeiros moradores do Copan, inaugurado oficialmente em 1966. Ele se mudou com os pais e chegou ao local quando ainda criança. Ele estava em seu escritório, localizado em outro prédio em frente ao Copan, quando começou a sentir um cheiro forte.
Sabino conta que, no momento de desespero, se recordou do incêndio no Joelma. Em 1974, 187 pessoas morreram em um incêndio no edifício, também no centro de São Paulo.
Eu estava no meu escritório aqui em frente. Senti o cheiro [de fumaça]. Muito barulho, achei que fosse o meu prédio. Fiquei nervoso e não consegui nem colocar a chave na fenda. Nessa hora você pensa um monte de besteira. A gente presenciou fogo no [edifício] Andraus, com gente se jogando. Presenciei fogo no Joelma, com gente saltando lá de cima... Eu estava esperando ver coisa desse tipo. Ainda bem que não [aconteceu]. [O Copan] faz parte da minha história. É uma angústia. É assustador.
Edir Sabino, morador do edifício Copan
Porteiro pediu calma aos moradores. Giovanni Bright, mágico de 43 anos, disse ao UOL que estava em casa quando o fogo começou e que recebeu a ligação do porteiro do prédio pedindo calma e que, por precaução, todos descessem imediatamente.
Eu estava em casa [quando o fogo começou]. Eu só escutei o barulho de alarme, sirene. Um amigo me ligou. No mesmo momento, o interfone tocou. Eu fiquei assustado. O porteiro pediu para não ficar assustado, mas, por precaução, recomendou que descesse. Giovanni Bright, 43 anos
Evacuação e apoio da PM
Todas as pessoas que estavam no edifício foram evacuadas com o auxílio das medidas de proteção contra incêndio do próprio edifício. A corporação também trabalha para que os evacuados fiquem em um local de segurança e não retornem ao local até o fim dos trabalhos.
A Polícia Militar prestou apoio e ajudou no isolamento da área enquanto os bombeiros trabalhavam no local. Curiosos também se reuniram nas vias próximas para ver a ocorrência.
Incêndio que atingiu prédio histórico no centro de São Paulo foi controlado, segundo Corpo de Bombeiros.
O Copan
Com cerca de 115 metros de altura, tem 38 pavimentos, dos quais 32 reúnem mais de 1.000 apartamentos. Há, ainda, restaurantes, lojas e escritórios. O Copan é um dos maiores símbolos de São Paulo. As informações são do Estadão Conteúdo.
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Quero receberProjetado por Oscar Niemeyer e Carlos Alberto Cerqueira Lemos, o edifício está em processo de restauro na fachada frontal. Há cerca de uma década, uma tela recobre o prédio para a proteção de transeuntes.
O Copan começou a ser construído em 1952, quando Niemeyer já era um arquiteto renomado. O nome é uma sigla para Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo, cuja proposta inicial incluía um hotel. O prédio começou a ser habitado em 1966, mas a obra foi totalmente concluída somente seis anos depois.
Ao longo dos anos 2000, teve problemas. Entre eles, de manutenção da fachada, como infiltrações, queda de pastilhas, descaracterização, desprendimento de concreto e até exposição da armadura, o que foi constatado em laudos e até denunciado a órgãos de patrimônio.
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