Justiça exige que Cravinhos faça teste antes de avaliar pedido de liberdade
A Justiça de São Paulo determinou que Cristian Cravinhos faça uma nova avaliação psicológica antes que seja analisado o pedido de progressão para o regime aberto.
O que aconteceu
O condenado está preso em Tremembé, na penitenciária P2. Cristian está no regime semiaberto e tenta a progressão do regime para aberto na Justiça de São Paulo.
Justiça exigiu teste psicológico. Chamado de teste de Rorschach, é utilizado para interpretar a personalidade. A decisão é da juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani.
Magistrada declarou que é preciso cautela na reinserção do preso. Na decisão, Sueli Zeraik citou que Cristian já foi beneficiado com o regime aberto e voltou a cometer crimes. "Para o caso verifica-se a necessidade de análise mais apurada da presença do requisito subjetivo necessário, a fim de se proceder com cautela a reinserção do apenado no meio social, tendo em vista que, sendo outrora progredido ao regime aberto, não honrou a confiança em si depositada, voltando a delinquir".
Cristian chegou a ter o benefício do regime aberto em 2017. No entanto, voltou a ser preso em 2018. Ele foi acusado de agredir a ex-mulher, portar arma de fogo e tentar subornar policiais.
Cristian Cravinhos foi preso em 2002. Ele foi condenado em 2006 a 38 anos de prisão por participar da morte de Manfred e Marísia Von Richthofen.
O UOL tenta contato com a defesa de Cristian Cravinhos. O espaço segue aberto para manifestação.
Ademais, cumpre pena por crime de natureza hedionda que, na época do fato, teve grande repercussão midiática, e ainda registra grande lapso penal a descontar, afigurando-se, portanto, mais prudente para a presente conjuntura, a submissão do sentenciado à uma avaliação pelo método de Rorschach.
Sueli Zeraik de Oliveira Armani, juíza do TJSP
MP é contra ida de Cristian ao regime aberto
Parecer contrário à ida de Cristian Cravinhos ao regime aberto. Em agosto, o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) emitiu um parecer contrário à progressão de pena de Cristian Cravinhos para o regime aberto.
O promotor de Justiça Alexandre Mafetano se manifestou contra a progressão. Mafetano apontou para faltas disciplinares de Cristian. Conforme o parecer, a decisão contraria ao regime aberto do condenado foi influenciada por seu histórico, que conta com três faltas disciplinares, sendo duas de natureza grave e uma de natureza média.
Segundo o parecer, o histórico de Cristian "deixa dúvidas sobre a sua aptidão para experimentar regime mais brando". "Bem como sobre a sua consciência social e moral, além de precisar amadurecer e conscientizar-se sobre seus atos, conseguindo, sobretudo, ter percepção da gravidade dos mesmos", completa o documento.
Promotoria fez a requisição de teste psicológico, caso haja discordância por parte do Juízo do parecer.
Cristian Cravinhos é autor de crimes graves como homicídio qualificado e corrupção ativa. Ele foi condenado por participar, junto ao irmão Daniel Cravinhos e Suzane Von Richthofen, do assassinato de Manfred e Marísia Von Richthofen em 2002. À época o crime abalou o Brasil, por contar com requintes de crueldade. O casal foi morto em casa a pauladas e o crime foi amplamente repercutido.
Em maio deste ano, após a defesa de Cristian requisitar o regime aberto, o MP-SP pediu exame criminológico. O órgão, através do mesmo promotor, apresentou questionamentos como: "Cristian está apto para um regime mais brando que o atual?; ele tem consciência do crime que cometeu?; o condenado se arrepende do que fez?; é possível que ele consiga se ressocializar?; Cristian demonstra sinais de inadaptação, como agressão?".
Laudo criminológico foi favorável para Cristian. O documento apontou que o detento não usou drogas desde que foi preso, mesmo tendo histórico de uso. Além disso, foi frisado que ele foi inserido às normas morais sociais, de educação e afeto, apontando para um "bom convívio". Foi pontuado, também, que o condenado quer voltar a conviver com a mãe e com a filha.
Suzane e Daniel estão em regime aberto
Suzane foi ao regime aberto em janeiro de 2023. Ela foi condenada a 39 anos, hoje estando em regime aberto e levando uma vida pacata no interior de São Paulo — ela se casou, teve uma filha e está frequentando a faculdade.
Daniel foi condenado a 38 anos e 11 meses. O ex-namorado de Suzane teve direito concedido para regime aberto em 2018 e hoje trabalha em uma oficina de motos. Sua progressão aconteceu após boa conduta na cadeia e trabalhar na confecção de cadeiras e mesas utilizadas em escolas públicas.