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Rogério de Andrade é preso por suspeita de mandar matar rival no Rio

Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro

29/10/2024 07h24Atualizada em 29/10/2024 10h27

O contraventor penal Rogério de Andrade foi preso na manhã desta terça-feira (29) no Rio de Janeiro.

O que aconteceu

Denúncia do Ministério Público afirma que Andrade é mandante do assassinato de Fernando de Miranda Iggnacio. Iggnacio foi morto em 2020 em um heliponto no Recreio dos Bandeirantes.

Bicheiro foi preso em casa, em um condomínio na Barra da Tijuca, área nobre do Rio de Janeiro. Ele foi levado à Cidade da Polícia, no bairro do Jacarezinho.

A operação também prendeu Gilmar Eneas Lisboa. Segundo o MP, Lisboa foi o responsável pelo monitoramento da vítima, auxiliando Andrade no crime.

Os dois foram denunciados pelo homicídio qualificado de Iggnácio. Esta não é a primeira denúncia feita pelo MP contra o bicheiro, que teve ação penal trancada pelo Supremo Tribunal Federal em 2022 por "falta de provas que demonstrem seu envolvimento com o crime".

Iggnácio e Rogério eram, respectivamente, genro e sobrinho do contraventor Castor de Andrade. Castor morreu em 1997 e, desde então, a violência na disputa pelo jogo do bicho no Rio de Janeiro escalou.

O UOL não encontrou a defesa dos presos até o momento. Em abril, o advogado de Andrade, André Callegari, formalizou o abandono da defesa dele.

Rogério Andrade deve ficar em presídio federal

A Justiça do Rio determinou que Andrade seja transferido a um presídio federal. O contraventor vai primeiro para o presídio de Benfica, na zona norte, onde passará por audiência de custódia. Depois, vai para o Complexo de Gericinó, na zona oeste.

Justiça deve pedir para a Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) uma vaga em um dos cinco presídios federais que existem no Brasil. Nenhum deles fica no Rio de Janeiro. São eles: Porto Velho, Mossoró, Brasília, Catanduvas e Campo Grande.

Presídios federais mantêm os criminosos mais perigosos do Brasil. Neles estão integrantes das 88 facções criminosas identificadas no país, além de bicheiros e mafiosos estrangeiros.

Disputa entre Iggnácio e Andrade deixou rastro de mortes no Rio

Os dois mantinham uma sangrenta disputa pelo controle do jogo do bicho e de máquinas de caça-níqueis na zona oeste do Rio há mais de 20 anos. A briga teve início após a morte do contraventor Castor de Andrade em 1997. Segundo investigações da Polícia Federal, mais de 50 assassinatos até 2007 são atribuídos à guerra da contravenção.

Em 1998, o assassinato de Paulo Andrade, o Paulinho, escolhido como herdeiro do jogo do bicho, fez com que Fernando Iggnácio, seu cunhado, assumisse o lugar dele na disputa. Meses depois, a polícia identificou como autor dos disparos o ex-PM Jadir Simeone Duarte. Em depoimento, Duarte acusou Rogério de ser o mandante do crime.

O próprio Rogério foi vítima de uma tentativa de assassinato em 2010. Em abril daquele ano, o filho de Rogério de Andrade, com 17 anos na época, morreu em um atentado a bomba na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, quando o carro que dirigia explodiu.

Em 2007, Fernando Iggnácio foi preso pela Polícia Civil do Rio. Meses depois, Rogério Andrade foi pego pela Polícia Federal. Naquele mesmo ano, Rogério Andrade e Fernando Iggnácio foram alvo da operação Gladiador, da Polícia Federal, que investigou o esquema da dupla e a corrupção de policiais no Rio.

Quem é Rogério Andrade

Rogério assumiu os negócios do tio após a morte dele, em 1997. Ele era o braço direito de Castor e dividiu o espólio com Paulo Roberto de Andrade, filho do bicheiro, e Fernando Iggnácio, que era casado com Carmen Lúcia, filha de Castor.

O tio era muito ligado ao Carnaval carioca. Castor era um grande investidor da Mocidade Independente de Padre Miguel, desde os anos 1970. Ele, junto com a cúpula do jogo do bicho, foi um dos criadores da Liesa, a liga das escolas de samba do Rio. Assim, Rogério também herdou as funções do tio na escola e se tornou patrono. Sua presença nos desfiles é frequente.

O contraventor Rogério de Andrade Imagem: André Lobo/UOL

Fabíola, rainha da bateria da Mocidade, está com Rogério há dez anos. Eles têm dois filhos juntos. Fabíola já ocupou o cargo de musa da Mocidade em 2016 e é presença frequente nos desfiles e ensaios da agremiação.

Após a morte do tio, ele foi acusado de matar os demais herdeiros do espólio. Paulo Roberto foi assassinado no ano seguinte. Rogério chegou a ser apontado como mandante, mas foi absolvido posteriormente. Assim como Paulo, Iggnácio também foi assassinado. Rogério mais uma vez foi ligado à morte, mas a ação penal foi encerrada pelo STF.

Com a morte de Castor, os contraventores passaram a travar uma sangrenta disputa pelo controle do jogo do bicho. Segundo investigações da Polícia Federal, mais de 50 assassinatos até 2007 são atribuídos à guerra da contravenção.

Ele foi vítima de um atentado com granada. Em 2010, granadas foram instaladas dentro de seu carro. Seu filho Diogo morreu, mas Rogério sobreviveu, passando apenas por cirurgias no rosto. No documentário "Vale o Escrito", Rogério é descrito como "senhor do crime", por Bernardo Bello, ex-marido de Tamara Garcia, que faz parte de outra família importante no jogo do bicho carioca.

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