Viúva chora e relembra últimas palavras ouvidas de Marielle: 'Eu te amo'

A vereadora Monica Benicio (PSOL), viúva de Marielle Franco, prestou um depoimento emocionado, com longas pausas, choro e voz embargada durante o julgamento dos réus que confessaram ter matado sua companheira em 2018, no centro do Rio de Janeiro.

Ao ser indagada pela promotoria sobre o que significa a falta de Marielle, Monica fez uma pausa de mais de um minuto e, secando as lágrimas, relembrou seu relacionamento.

"Quando conheci a Marielle, eu tinha acabado de fazer 18 anos de idade. Lembro exatamente da primeira vez que olhei pra ela. E depois daquele momento a minha vida nunca mais foi a mesma", disse.

Monica relembrou que Marielle a incentivou a estudar, a acompanhou as matrículas da graduação e do mestrado.

"Eu vivi muitas coisas bonitas do lado da Marielle. E aprendi que o amor está nos detalhes. Lembro também do último segundo que eu vi a minha esposa com vida. A última coisa que ela me disse foi 'eu te amo'."

Monica revelou que, depois do assassinato da companheira, pensou e tentou algumas vezes tirar a própria vida. "Eu não acredito na morte física como um fim. E talvez só por acreditar que ela ainda existe é a razão de estar aqui", afirmou.

"Eu não consigo dizer em palavras qual o tamanho da falta. Mas essa dor da ausência que se apresenta diariamente, ela cobre tudo, cobre todos os detalhes e, por mais que a gente aprenda a ressignificar isso, essa dor da ausência esta sempre ali."

Monica disse que elas tinham planos de se casar em um sítio. E que, com a morte de Marielle, sentiu que foi retirada dela a promessa de um futuro.

Questionada sobre o que espera do júri, afirmou que se dissesse "justiça" poderia haver uma leitura equivocada da palavra: "A única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter a Marielle e o Anderson vivos. Para além disso, dentro do que é possível, eu espero que se faça a justiça que o Brasil que o mundo esperam há seis anos e sete meses."

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