Conteúdo publicado há 20 dias

Fortuna de R$ 19 milhões: de onde Gritzbach dizia que vinha seu patrimônio

O empresário Vinicius Gritzbach, morto com 10 tiros no aeroporto de Guarulhos (SP), na última sexta-feira (8), acumulou um patrimônio milionário de origem controversa, conforme apontam investigações policiais.

O que aconteceu

Empresário afirmou que seu patrimônio variava entre R$ 18 e R$ 19 milhões. Estimativa foi revelada por Gritzbach em entrevista à TV Record em fevereiro, quando já era delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) e ameaçado de morte por membros da facção.

Patrimônio inclui empresas, apartamentos, lotes, helicópteros e lanchas. Uma lista de bens do empresário foi divulgada pelo colunista do UOL Josmar Jozino, com base em um pedido de desbloqueio judicial das posses que a defesa de Gritzbach fez ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado).

Empresário respondia a processo de lavagem de dinheiro e teve todos os bens bloqueados pela Justiça. Assim que apresentou a proposta de delação premiada ao MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), ele pediu o desbloqueio dos bens e o Gaeco, subordinado ao MP-SP, manifestou-se favoravelmente ao pedido.

Segundo Gritzbach, fortuna provinha de seu trabalho como corretor de imóveis. "A minha atribuição era apenas intermediar a compra e venda de imóveis", afirmou à emissora o empresário, que tinha 38 anos e era formado em administração de empresas e engenharia civil.

Gritzbach alegou que não sabia que lidava com criminosos. Na mesma entrevista de fevereiro, ele disse: "Eu intermediei a venda de alguns imóveis para clientes que batiam em minha porta". (...) "[O quanto de dinheiro recebido vinha do crime] fica em aberto. Eles [membros do PCC] sempre se passaram por empresários, nunca disseram que eram criminosos. (...)Se, na questão das vendas, das intermediações, eu cometi alguma coisa errada, que eu venha a pagar".

O que apontam investigações

Fortuna do empresário pode ser muito maior, conforme investigações. Gritzbach era acusado pela Polícia Civil de mandar matar, em dezembro de 2021, Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, um narcotraficante que tinha grande influência no PCC. Segundo os investigadores, Gritzbach recebeu do ex-parceiro de negócios R$ 100 milhões para investir em criptomoeda, mas desviou o dinheiro e o golpe foi descoberto pelo membro da facção.

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Além de trabalhar com imóveis, Gritzbach atuava com operações de bitcoins e realizava negócios com Cara Preta. As informações constam na denúncia do MP-SP oferecida à Justiça contra Gritzbach antes de ele ser preso em 2023.

Membro da facção teria suspeitado que empresário subtraía parte dos valores investidos. De acordo com o MP-SP, Cara Preta começou a cobrar Gritzbach e exigir a prestação de contas das operações realizadas, bem como a devolução do dinheiro repassado. O órgão sustenta ainda que Gritzbach, para não devolver os valores subtraídos e não revelar as irregularidades praticadas, decidiu mandar matar o narcotraficante.

Gritzbach negou ser mandante do assassinato de Cara Preta. "Não mandei matar ninguém e não tive participação nenhuma", disse à Record em fevereiro. Segundo ele, o ex-parceiro de negócios nunca o incomodou e eles mantinham uma relação amigável, na qual ele intermediava a compra e a venda de imóveis milionários.

Gritzbach admitiu ter intermediado a compra de dois imóveis em Riviera de São Lourenço, em Bertioga (SP), para Cláudio Marcos de Almeida, o Django, sócio de Cara Preta. Ele também foi assassinado em uma guerra interna do PCC, em janeiro de 2022.

Um imóvel custou R$ 5,1 milhões e o outro R$ 2,2 milhões. O delator chegou a afirmar ao Gaeco que as propriedades foram colocadas em nome do tio de Django, Douglas Silva Relva, e do primo, Douglas Lopes Relva. Sobre os negócios, o empresário chegou a confirmar às autoridades que os valores eram de origem ilícita, conforme coluna de Josmar Jozino.

Em 2023, defesa de Gritzbach negou supostos crimes e afirmou que cliente tinha "ocupação lícita". Segundo Ivelson Salotto, advogado do empresário à época, Gritzbach tinha empresa constituída, escritório e residência em endereços fixos e conhecidos.

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A reportagem não localizou o último advogado de Gritzbach. O texto será atualizado caso haja novas manifestações.

Veja a lista completa dos bens aos quais Gritzbach pediu o desbloqueio*:

  1. Apartamento 1603 do Edifício Composite. Vendido no dia 10/07/2018 - Matrícula 293.742 - 9º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  2. Apartamento 2501 do Edifício Composite. Vendido no dia 19/10/2021 - Matrícula 293.812 - 9º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  3. Apartamento 2107 do Edifício Composite. Vendido no dia 07/06/2022 - Matrícula 293.786 - 9º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  4. Lote em Riviera de São Lourenço, no município de Bertioga. Vendido em 14/06/2021 - Matrícula 41423 - 1º Cartório de Registro de Imóveis de Santos/SP.
  5. Sala 1509 no Edifício Higgs. Doação em pagamento no dia 13/05/2022 - Matrícula 263.407 - 9º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  6. Apartamento 402 -B no Condomínio As Gaivotas no município de Caraguatatuba - Matrícula 38777 e 37876 (Garagem em Matrícula Própria) - Cartório de Registro de Imóveis de Caraguatatuba/SP.
  7. Apartamento 71 do Residencial Kimiti. Vendido em 11/08/2022 - Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  8. Apartamento 23 do Residencial Kimiti. Vendido em 12/10/2022 - Matrícula 199.341 - 7º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  9. Apartamento 64 do Residencial Kimiti. Vendido em 02/06/2022 - Matrícula 199.358 - 7º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  10. Apartamento 63 do Residencial Kimiti. Vendido em 02/06/2022 - Matrícula 199.357 - 7º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  11. Apartamento 72 do Residencial Kimiti. Vendido em 02/06/2022 - Matrícula 199.360 - 7º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  12. Apartamento 73 do Residencial Kimiti. Vendido em 02/06/2022 - Matrícula 199.361 - 7º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  13. Apartamento 74 do Residencial Kimiti. Vendido em 03/07/2022 - Matrícula 199.362 - 7º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  14. Apartamento 21 do Residencial Kimiti. Vendido em 02/06/2022 - Matrícula 199.374 - 7º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  15. Apartamento 34 do Residencial Kimiti. Vendido em 25/08/2022; h. postular o desbloqueio judicial dos seguintes bens móveis - Matrícula 199.346 - 7º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP.
  16. Helicóptero Eurocopter Deutschland ano 2001, de propriedade de VMA Intermediações.
  17. Lancha Cimitarra 64 pés, ano 2017, nº 4039150449 (Capitania dos Portos de São Sebastião), 2 motores Volvo Penta IPS a Diesel.
  18. Lancha Motorboat, 39 pés, ano 2011, denominada Pollux I, nº 4019931461, motores 1b871465, 1b852050 e 1b871977.

Imóveis que ainda pertenciam a Vinícius

1. Apartamento 41 do Edifício Saint Claire.

2. Apartamento 803 do Edifício Composite

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3. Galpão na Mooca - Matrícula 144.696

4. Galpão na Mooca - Matrícula 19078

5. Edifício Kastani

6. Sítio em Santa Isabel (SP)

7. Apartamento 72 do Residencial Kimiti.

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